Nos últimos anos, o compromisso de capex das empresas de infraestrutura se tornou uma das principais preocupações dos investidores — principalmente depois do aumento brutal no custo das matérias-primas.
Nesse contexto, o BTG Pactual acha que a empresa com maior potencial para surfar o cenário é a Santos Brasil, que opera três terminais de contêineres, o maior deles no Porto de Santos.
“Em momentos de compromissos elevados de capex e alta da inflação, preferimos empresas com uma alavancagem mais controlada e um bom crescimento de lucro,” escreveram os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia.
A Santos Brasil fechou o segundo tri com caixa líquido de R$ 670 milhões.
Segundo o BTG, a companhia combina um valuation descontado, uma expansão expressiva do EBITDA neste ano e em 2023, e um balanço saudável.
Os comentários foram feitos num amplo relatório em que o banco revisou todo o setor de infraestrutura, aumentou o preço-alvo de três companhias (Santos Brasil, CCR e Wilson Sons), rebaixou duas (Ecorodovias e Hidrovias do Brasil), e manteve o preço da Rumo estável.
Na Santos Brasil, o preço-alvo para 2023 subiu de R$ 11 para R$ 13 por ação, um upside de 61% em relação ao preço de tela. (Os analistas aumentaram o custo de capital no modelo, mas também mexeram nas estimativas de receita e EBITDA para este ano e 2023. A projeção de receitas foi elevada em 4% e 6%, respectivamente; a de EBITDA em 30% e 36%.)
O BTG disse que a Santos Brasil é um case de alta convicção por três fatores: um momentum forte para os lucros de curto prazo estimulado por um ambiente de retomada de volumes e preços; um balanço sólido que dá poder de fogo para novas oportunidades; e o fato do ambiente regulatório no setor de portos ter melhorado nos últimos anos, com um vasto pipeline de leilões de novos portos à frente.
No lado negativo, o BTG disse que o leilão do STS10 (um outro terminal de contêineres no Porto de Santos, e potencialmente uma concorrência para a Santos Brasil) ainda é um overhang na ação — ainda que o valuation atual de 6,5x o EBITDA de 2023 “já precifique esse risco.” (O múltiplo é um desconto de quase 50% em relação à média histórica da companhia).
As companhias com o maior compromisso de capex no setor de infraestrutura são a Ecorodovias (R$ 32 bilhões) e a CCR (R$ 35 bilhões); enquanto Santos Brasil (apenas R$ 2,2 bilhões) e Wilson Sons (menos de R$ 400 milhões) têm o menor capex projetado.
Em termos de alavancagem, a Santos Brasil é a única com alavancagem negativa (-1,2x). A mais alavancada é a Hidrovias do Brasil (5,7x), seguida pela Ecorodovias (4,1x).