O CEO da BB Seguridade, Ulisses Assis, renunciou ontem a seu cargo executivo e a sua posição no conselho da empresa, dizendo que vai “buscar novos desafios na iniciativa privada.”
Ulisses recebeu uma proposta para se tornar executivo e sócio Itaú Unibanco e vai assumir o cargo depois de cumprir uma quarentena de seis meses. No Itaú, ele será o diretor de negócios de varejo, se reportando a Carlos Vanzo, o diretor executivo para negócios pessoa física e seguros.
Mas sua saída da corretora de seguros controlada pelo Banco do Brasil vem em meio a mudanças recentes no board da empresa.
Desde o início do Governo Lula, o Banco do Brasil já trocou três membros do conselho, incluindo o chairman.
A União controla indiretamente a BB Seguridade por meio do Banco do Brasil, que detém 66% do capital da companhia. No Banco do Brasil, a União tem 50% das ações totais.
Segundo uma fonte do banco, Ulisses havia indicado o CFO Rafael Sperendio como seu sucessor, mas o Governo decidiu ir por outro caminho. O controlador indicou André Haui, um funcionário de carreira do Banco do Brasil e que já teve passagem pelo Ministério da Fazenda no Governo Dilma, entre 2012 e 2019.
Haui trabalha há mais de 20 anos no Banco do Brasil, os últimos três como CEO da BB Securities, a operação do banco nos Estados Unidos. Antes, ele havia sido o head da tesouraria internacional do BB, depois de trabalhar como sales e trader.
O executivo também foi conselheiro do IRB por dois anos, representando o Banco do Brasil no conselho.
Ulisses estava na BB Seguridade desde a criação da empresa há 23 anos — e os dois últimos como CEO. Sua saída marca a quarta troca no comando da corretora num intervalo de quatro anos. Em outubro de 2020, Márcio Hamilton Ferreira entrou para substituir Bernardo Rothe, que havia assumido em 2019. Em junho de 2021, Ulisses sucedeu Ferreira.
A troca no comando vem num momento positivo para a BB Seguridade, que tem apresentado crescimentos expressivos no bottom line. No acumulado do ano até setembro, o lucro líquido subiu 32% ano contra ano, para R$ 5,8 bilhões. Mas com a troca no comando, o mercado vai monitorar a empresa para sinais de uma maior interferência do Governo. Outro risco: o final do contrato para operar o balcão do Banco do Brasil, que encerra em 2032.
Segundo a companhia, a indicação de Haui ainda precisa ser confirmada pelos conselheiros da empresa. Enquanto isso, Sperendio, o CFO, vai assumir o cargo de CEO interinamente.