A Comerc fechou uma parceria com o Itaú para explorar o mercado livre de energia — em mais um movimento de uma comercializadora buscando se associar a um grande balcão de distribuição.
Há duas semanas, a Auren fechou uma parceria semelhante com a Vivo, criando uma joint venture também para atuar no mercado livre de energia.
No caso da Comerc — que tem a Vibra como seu maior acionista, com 50% do capital — o acordo vai começar apenas como uma parceria comercial, em que o Itaú vai originar clientes para a comercializadora.
O acordo pode evoluir para um profit sharing ou para uma joint venture, dependendo de algumas condições precedentes.
Segundo uma fonte próxima às empresas, as negociações entre as duas partes já vêm se desenrolando há mais de um ano, e o acordo é estratégico porque coloca a Comerc numa posição de vantagem num mercado onde a competição está se tornando cada vez mais brutal.
O CEO da Comerc, André Dorf, disse num comunicado que a decisão das empresas de migrar para o mercado livre passa por um apoio consultivo e por uma relação de confiança e credibilidade. “A Comerc se uniu a um parceiro que reúne todos esses atributos,” disse ele.
O acordo também vem num timing estratégico, com a maior abertura do mercado livre de energia criando uma janela de oportunidade única para capturar milhares de novos clientes.
Até dezembro, esse mercado era limitado a consumidores da alta tensão que consomem mais de 500 KW de energia por mês — um recorte que engloba 36 mil empresas hoje. A partir deste mês, no entanto, o mercado livre foi aberto a todos os clientes da alta tensão, mesmo os que consomem menos de 500 KW, ampliando o mercado endereçável em mais 70 mil companhias.
Assim como na parceria Auren/Vivo, a Comerc e o Itaú vão buscar atender esses novos clientes que se tornaram agora aptos a entrar no mercado livre.
Segundo o Itaú, o escopo inicial da parceria serão clientes do banco que consomem mais de 2,3 KW de energia por mês, com uma conta de energia de, em média, R$ 8 mil/mês. O banco não abriu o tamanho dessa carteira de clientes hoje.
Apesar desse foco inicial, a maior oportunidade está na baixa tensão, um mercado infinitamente maior que o de alta tensão já que engloba todas as casas, apartamentos e pequenos comércios.
A liberação do mercado livre para a baixa tensão ainda está distante, mas há um projeto de lei em tramitação no Congresso que prevê a liberação entre 2026 e 2028.
A Comerc já é hoje uma das líderes no mercado livre de energia, atendendo 17% dos consumidores desse segmento, o equivalente a 6% de toda a energia consumida no País.
Além da Vibra, a Comerc tem entre seus acionistas a gestora Perfin, com 35% do capital, e o fundador da empresa Kiko Vlavianos, com 8%. Entre dezembro de 2025 e dezembro de 2027, a Vibra poderá exercer uma call para comprar os 50% restantes do capital. Já a Perfin e Kiko tem uma put que também pode ser exercida nesse mesmo período.