A Aura Minerals disse que seu Projeto Borborema – uma mina de ouro a céu aberto – tem um valor presente líquido (VPL) de US$ 182 milhões, o que equivale a 40% do valor de mercado atual da empresa.

A mineradora disse que o estudo de viabilidade do Borborema, localizado no Rio Grande do Norte, concluiu que a produção prevista é de 748 mil onças durante uma vida útil inicial de 11,3 anos.

O capex de construção é estimado em US$ 188 milhões, com retorno em 3,2 anos. Segundo o BTG, o VPL de US$ 182 milhões aumenta o valor justo do BDR da Aura (AURA33) em R$ 12,50.

O papel negocia hoje ao redor de R$ 32, com a Aura valendo US$ 460 milhões na Bolsa.

“O projeto é transformacional para a empresa e até agora não estava no preço,” escreveram os analistas do BTG.

No meio da tarde, o BDR da Aura subia 1% depois da notícia, enquanto o Ibovespa recuava 0,68%.

A Aura é negociada a 0,4x P/NAV, um desconto de 40-50% em relação aos pares. O BTG reiterou a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47,  observando que a ação tem um upside relevante de projetos que não estão sendo precificados.

Segundo um gestor, em seu IPO em 2020, a tese de negócio da Aura não estava tão focada na descoberta de novas minas.

“O negócio deles era mais de comprar minas paralisadas, que já foram produtoras e ainda têm reservas, para usar tecnologia e condições de exploração atuais e viabilizar novamente a produção, com custo menor,” disse o gestor. “Um projeto greenfield como Borborema estava marcado a zero.”

O primeiro projeto greenfield da atual gestão da Aura  entrou em operação em abril, na mina de Almas, do Tocantins, que tem reservas de 750 mil onças e deve produzir em torno de 50 mil onças por ano — uma vida útil de 17 anos.

Em Borborema, existe ainda um potencial adicional de expansão de 1,1 milhão de onças – mas essa capacidade adicional está limitada por uma estrada federal. A empresa já requereu licenças para mudar o trajeto da estrada.

Para o BTG, essa conversão adicional potencial, que poderá mais que duplicar o VPL do projeto, ainda não deve ser colocada no valuation da companhia, já que as licenças requerem aprovações governamentais e podem levar de 2 a 3 anos.

Para o BTG, Borborema aumentou os recursos da Aura em 47% e as reservas, em 27%, o que é “relevante”.

A Aura também disse que passará a ser a única acionista de Borborema, já que a  Dundee Corporation vai converter sua participação acionária de 20% no projeto em um royalty de 1,5% sobre as primeiras 1.500.000 de onças vendidas e de 1% para as 500.000 onças seguintes. Quando a mina atingir o limite de produção de 2.000.000 onças, o royalty será encerrado.

A TIR, após impostos, é de 21,9%, considerando o consenso de mercado para o preço de ouro médio do período de US$ 1.712 por onça. Se considerado o preço do ouro de US$ 1.900 e um endividamento de US$ 100 milhões, a TIR do projeto seria de 51,9%.

O estudo de viabilidade de Borborema foi feito pela Promon Engenharia, a SRK Consulting e a MCB Serviços e Mineração, em conjunto com o grupo de serviços técnicos da Aura.