A Aura Minerals disse hoje que sua mina de Almas, no Tocantins, entrou em operação — o que deve aumentar em 20% a produção anual da mineradora de ouro quando ela estiver em full capacity. 

Almas tem reservas de 750 mil onças e deve produzir em torno de 50 mil onças por ano — o equivalente a uma vida útil de 17 anos. 

Hoje, a Aura produz 250 mil onças por ano em suas outras três jazidas: a EPP, no Mato Grosso, a Aranzazu, no México, e a Gold Road, nos Estados Unidos. 

A relevância da mina de Almas, no entanto, vai além do aumento de produção que ela vai propiciar, o CEO Rodrigo Barbosa disse ao Brazil Journal.

“Já temos um bom track record de conseguir operar com custo de extração baixo e já temos track record de ‘restartar’ uma mina que estava parada e reduzir o custo,” disse o CEO. “Mas não tínhamos nenhum track record de projetos greenfield. Esse é o primeiro que a nova gestão entrega desde que assumiu a companhia em 2017.”

A expectativa do executivo é que o mercado passe a “entender a nossa capacidade de entrega.”

Segundo ele, o mercado não está precificando nenhum dos projetos de expansão da companhia. “Só estão precificando a nossa geração de caixa atual,” disse ele.

A Aura vale perto de US$ 560 milhões na Bolsa de Toronto. O BDR da mineradora caiu cerca de 7% nos últimos doze meses.

A mina de Almas foi entregue no prazo previsto: levou 16 meses para ser construída e demandou um capex de US$ 78 milhões (dentro do budget previsto).

Segundo Rodrigo, a mina deve entrar em produção comercial em julho. Daqui até lá, ela passará por um processo de estabilização com uma produção baixa e focada nas áreas com um teor de ouro menor.

A Aura comprou a mina de Almas em 2018, quando ela já estava com o projeto desenhado para essas 750 mil onças de reserva, com um capex previsto em US$ 115 milhões. 

“Mas decidimos reduzir esse capex para aumentar a taxa de retorno e simplificar a construção,” disse o CEO.

Segundo ele, a mina tem condições de aumentar os recursos, por isso a planta foi construída de forma flexível. “Com investimento em exploração, a capacidade pode ser muito maior. Essa mina está no Green Stone Belt, a área onde estão os maiores depósitos de ouro do mundo. Mas é difícil saber agora em quanto poderia ser maior.”

Além da mina de Almas, a Aura pretende lançar outros dois projetos greenfield nos próximos anos: o Borborema, no Rio Grande do Norte, que a Aura adquiriu no ano passado; e o Matupá, em Mato Grosso.

Só o projeto de Borborema, que deve ficar pronto em 16 a 18 meses, deve adicionar entre 80 e 90 mil onças por ano de produção, segundo cálculos do antigo dono. Com o projeto de Matupá, a expectativa da Aura é chegar a 450 mil onças/ano.

A entrada em operação de Alma vem num momento em que o preço do ouro está próximo do all-time high. A onça negocia hoje a US$ 1.950, em comparação à máxima histórica de US$ 2.074 de agosto de 2020.

Esse patamar de preço deve turbinar a geração de caixa da Aura, que pretende manter sua política de dividendos este ano (pagando 20% do EBITDA excluindo o capex recorrente) e ainda fazer novos M&As. 

“Nos últimos anos, com a produção de três jazidas só e com o preço do ouro mais baixo do que hoje, pagamos US$ 115 milhões entre dividendos e recompra, fizemos a aquisição de Borborema (de US$ 55 milhões) e mais o capex de US$ 78 mi de Alma. E tudo isso sem alavancar a companhia,” disse o CEO.

A alavancagem da Aura fechou o ano passado em 0,5x. 

“Sabemos muito bem como chegar às 450 mil onças em produção. Mas se formos além das 450 mil onças podemos gerar muito valor, então M&A continua sendo um caminho importante,” disse o CEO.

Segundo ele, o múltiplo em Bolsa cresce conforme a escala porque empresas com produção maior tendem a ter um negócio mais estável por conta da maior diversificação.

Empresas que produzem até 400-500 mil onças negociam na Bolsa em média a 40% a 50% do NAV (net asset value). Já as empresas que produzem entre 600 mil e 800 mil onças negociam em média a 70% a 80% do NAV.