Os analistas do Bradesco se reuniram com o dono de uma grande rede de bares e saíram com uma visão mais positiva sobre a Ambev.
As principais conclusões da conversa foram que a Ambev tem sido capaz de lançar marcas que conseguem competir com a Heineken, como a Becks e Spaten; e que a Heineken pode ter que continuar aumentando os preços da sua marca flagship se quiser manter o status de ‘premium’, o que deve tornar o ambiente competitivo mais favorável para a Ambev.
Esse dono de bar — que tem 40 estabelecimentos e uma receita anual de R$ 200 milhões — disse, no entanto, que depois de um boom inicial pós-pandemia, está havendo uma queda na frequência de bares e “happy hours”.
O Bradesco acha que esse é um ponto de atenção que precisa ser monitorado.
“Isso pode forçar o setor de bares a ajustar seu formato para evitar perder relevância, o que é preocupante já que esse segmento geralmente tem margens maiores para a indústria de cervejas do que os supermercados (estimamos em mais de 15 pontos percentuais),” escreveram os analistas Leandro Fontanesi e Pedro Fontana.
Os analistas notam que os preços da Heineken já subiram 15% este ano e que o dono de bar acha que os preços devem continuar subindo, já que a companhia tem medo de perder seu status premium. A Heineken também tem pedido aos bares para evitar colocar promoções com a marca.
O Bradesco diz ainda que a Becks e Spaten — duas marcas premium da Ambev — têm sido bons substitutos quando os bares não vendem Heineken. “A Heineken pode ter desenvolver outras marcas como a Lagunitas e a Blue Moon no mercado premium como alternativas. No mainstream, a Heineken tem crescido com a Amstel, enquanto, por outro lado, tem encontrado dificuldade do consumidor adotar a marca Tiger,” diz o relatório.
Sobre o tráfego nos bares, o empresário que conversou com o banco disse que houve um boom nos 6 a 9 meses depois da reabertura da covid, mas que a frequência já caiu de novo e que, em alguns bares, está 15% a 20% abaixo do pré-pandemia.
Para ele, isso pode ter a ver com os preços maiores das cervejas, mas também pode sinalizar uma mudança mais estrutural nos padrões de consumo — já que há mais pessoas fazendo home office e as gerações mais novos têm ido menos para happy hours.