Pelo menos dois bancos mudaram sua recomendação para a Natura hoje cedo, depois que a companhia anunciou estudos para um potencial spinoff ou IPO da Aesop. 

A notícia fez o papel disparar. No início do pregão, a ação da Natura sobe 15%, com um volume de R$ 200 milhões nos primeiros 20 minutos do pregão, o equivalente ao volume médio diário da companhia. 

O JP Morgan elevou sua recomendação de neutro para compra citando três catalisadores “poderosos” para frente.

O primeiro é o potencial IPO ou spinoff da Aesop que, “na nossa estimativa preliminar poderia valer mais de US$ 1 bilhão e destravar 15% em equity value para a Natura.” O segundo é o novo management da companhia, que está focado em operar com uma estrutura mais leve para permitir uma maior agilidade das unidades de negócios. 

O terceiro: a possibilidade de novos movimentos corporativos que podem destravar ainda mais valor para os acionistas — como a descontinuidade de operações que estão no prejuízo, como a Avon Internacional, e o potencial desinvestimento da TBS. 

O Itaú BBA também reiniciou a cobertura do papel com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17 (upside de 30%). 

Segundo o banco, ainda que um IPO da Aesop diminua a participação da Natura em seu melhor ativo, o movimento seria positivo em termos líquidos. 

“Ele desalavanca o ativo num ambiente de altas taxas de juros globais, alinha os interesses da diretoria da Aesop, refletindo as tendências atuais do ativo, e potencialmente leva os múltiplos P/L de curto prazo para níveis mais palatáveis,” escreveu o Itaú. 

Numa call com o sellside mais cedo, a Natura deu mais detalhes sobre a operação. O CFO Guilherme Castellan disse que a ideia é “concluir o estudo rápido”, o que deve significar algo entre três e quatro meses, mas que a companhia “não tem pressa” para o eventual IPO ou spinoff – que “vão depender das condições de mercado.”

Guilherme também disse que uma oferta secundária é uma possibilidade, ainda que a empresa não tenha decidido nada sobre o assunto.

UBS, Citi e XP também tiveram palavras calorosas sobre o anúncio, citando o potencial re-rating da ação, a possibilidade de desalavancar a holding com uma secundária e o maior alinhamento do management da Aesop. 

Na análise da soma das partes, o UBS vê a Natura negociando a 5,6x o EBITDA estimado para 2023 assumindo as seguintes premissas: a The Body Shop avaliada no mesmo valor que a Natura pagou em 2017; a Avon International avaliada em zero; e a Aesop avaliada em linha com a média dos peers globais (o que daria a ela um enterprise value de R$ 7,7 bilhões).

“Usando os múltiplos da Estée Lauder, a Aesop poderia valer R$ 13,3 bilhões, o que implicaria um valuation de 3,6x EBITDA para a Natura, um desconto material em relação aos peers globais, o que sugere espaço para um re-rating,” escreveu o UBS.