A família Goldfarb, controladora das Lojas Marisa, cedeu parte de seu direito de preferência no aumento de capital da empresa para alguns executivos e dois de seus principais investidores.
A capitalização de R$ 250 milhões foi anunciada no início de dezembro e fixou a ação da Marisa a R$ 3,08, um desconto de 15% em relação ao preço de tela daquele momento.
Com a cessão dos direitos de subscrição, a família deve reduzir sua participação dos atuais 57,4% para cerca de 53%. Os Goldfarb há cinco anos se afastaram da gestão da empresa e hoje estão apenas no conselho.
Inicialmente, a família havia se comprometido a subscrever pouco mais da metade das ações que lhe caberiam dada sua participação atual – mais especificamente, 36% da oferta, ou R$ 90 milhões.
Com o acordo anunciado ontem, a família aumentou seu compromisso para R$ 100 milhões (40% da oferta) e cedeu direitos a subscrever R$ 36 milhões para outros acionistas e executivos.
Cerca de 55% da operação agora está coberta.
“Inicialmente a família não havia sinalizado que acompanharia a operação com todo o percentual a que tinha direito porque havia alguma preocupação sobre se a ação cairia abaixo do preço do aumento de capital”, disse um gestor que está acompanhando a operação. “Mas agora, eles resolveram dividir a participação com os executivos – como uma forma de aumentar o engajamento deles – e com os acionistas que têm apostado na tese no longo prazo.”
Entre os investidores que entraram no acordo está o fundo Versa, que tem 5% da Marisa e deve aumentar um pouco sua participação.
A Marisa tem feito um trabalho de divulgação do aumento de capital para o investidor pessoa física, que hoje responde por 20% do free float – quase 43 mil CPFs.
A expectativa é que a adesão ao aumento de capital seja grande: desde o anúncio da operação, a ação da Marisa acumula alta de 16%. O papel fechou ontem a R$ 3,84, acima do preço da oferta.
A empresa vai captar R$ 250 milhões agora e, se tudo der certo, levantará outros R$ 250 milhões no segundo semestre do ano que vem.
Quem participar do aumento de capital vai receber um bônus de subscrição que dá direito a subscrever mais 0,85 ação da empresa por R$ 3,62 entre 15 de setembro e 15 de novembro de 2022. Se a ação estiver acima desse valor, como quer a empresa, o exercício do bônus vai servir novamente para fortalecer seu caixa. No ano, a ação da Marisa cai 38%.
A Marisa optou por levantar os recursos agora por conta da incerteza em relação a 2022, um ano que tende a ser volátil por conta das eleições presidenciais e também da pandemia.
O objetivo da oferta é assegurar a continuidade do planejamento estratégico da empresa. Em 2019, quando fez um follow-on de R$ 550 milhões, a Marisa queria desalavancar e fazer novos investimentos, mas acabou optando por segurar o caixa por conta da covid.
Agora, pretende voltar a focar em seu plano estratégico, que passa muito pelo reforço de sua operação digital. A Marisa lançou em julho um app que já conta com mais de 13,5 milhões de downloads; e, em novembro, inaugurou um marketplace com mais de 10 mil SKUs.
A rede também está implementando um novo modelo de lojas, num formato mais clean e no qual cada unidade tem uma área exclusiva para a realização de compras online caso a cliente não encontre o tamanho ou o item que queria na loja. Mas apenas 5 das 344 lojas oferecem esse novo formato.