Quase dois anos após a Latam sair do Chapter 11, o Itaú BBA vê um bom momento de entrada para a ação da companhia aérea e iniciou a cobertura com recomendação de ‘outperform’.

O banco definiu o preço-alvo do papel para o final do ano de 17,50 pesos chilenos – um upside potencial de 41%. A ação Latam ainda não voltou a ser negociada na NYSE.

O retorno à bolsa americana é justamente um dos pontos positivos que os analistas Gabriel Rezende, Pablo Fernández, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano: o conselho de administração aprovou recentemente a relistagem das ações na NYSE, o que deve ocorrer em outubro e dar uma injeção de liquidez ao papel.

Além disso, o Itaú vê o valuation da Latam muito descontado. A companhia negocia a um múltiplo EV/EBITDA de 4,5x para 2025, um desconto de 35% em relação aos níveis dos últimos anos.

A companhia aérea também deu um jeito em sua alavancagem, que está em 2x.  (Mesmo antes da pandemia, a relação dívida líquida/EBITDA operava ao redor de 4x.) 

Os analistas também veem um aumento de 20% do EBITDA por aeronave com a atual estratégia de aumento de capacidade da companhia. 

A Latam anunciou esta semana que a capacidade ofertada em junho foi 15,9% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado – e a maior parte veio de voos internacionais.

Para completar, a Latam vem saindo melhor da pandemia do que algumas de suas concorrentes no continente. 

Mesmo com a recuperação judicial, a empresa ganhou share em todos os países em que atua. No Brasil, por exemplo, saiu de 38% para 39% e se consolidou na liderança. “E tem mais espaço para crescimento,” escreveram os analistas. 

O mercado também espera um follow-on de pelo menos US$ 200 milhões com a relistagem em Nova York.

Segundo os analistas, a oferta tem o potencial de tornar acionistas bem conhecidos mais relevantes, como o Grupo Cueto, a Delta Airlines e a Qatar Airways. 

“Uma maior relevância dos três pode ser positiva, como evidenciado pela longa e bem-sucedida história da Latam antes da pandemia,” escreveram.

Porém, como sempre acontece na aviação, há diversos riscos. A indústria como um todo continua enfrentando problemas no supply chain, especialmente com motores com menor vida útil do que o esperado. 

Para completar, o aumento dos preços do petróleo e o dólar mais forte também preocupam.

“Estimamos que, para cada aumento de 10% nos preços do petróleo, a Latam Airlines precisaria aumentar os rendimentos dos passageiros em 2,5%,” escreveram. 

A ação da Latam sobe quase 62% na bolsa do Chile nos últimos 12 meses – a empresa vale US$ 8,5 bilhões, cerca de R$ 45 bilhões.