O Neon acaba de anunciar Fernando Miranda como seu novo CEO. O executivo dividia o comando da fintech desde 2022 com o fundador Pedro Conrade, que agora será o chairman executivo da empresa.
Miranda disse ao Brazil Journal que sua gestão solo tem como principal foco levar o Neon à “lucratividade sustentável”.
O novo CEO, um executivo que já atuou como vice-presidente no Nubank e CEO da Easynvest e Webmotors, havia dito em entrevistas que o Neon fecharia este ano no azul, mas isso vai depender do que acontecer em dezembro.
No primeiro semestre, o Neon acumulou um prejuízo de R$ 278,9 milhões, “mas temos bastante conforto em dizer que teremos uma lucratividade sustentável no ano que vem e mantendo um bom nível de crescimento,” disse.
Nos nove primeiros meses do ano, o Neon cresceu 62% em relação ao mesmo período de 2023, e Miranda vê espaço para mais 30% ano que vem.
Já a carteira de crédito chegou a R$ 5,7 bilhões de janeiro a setembro, um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
A fintech não abre suas taxas de inadimplência, mas o executivo diz que os números estão mais baixos que no ano passado. Mas com o esperado aumento dos juros, a história em 2025 pode ser diferente.
“Se de fato os juros subirem como estão esperando, devemos ver uma piora da inadimplência em todo o mercado no segundo semestre do ano que vem,” disse. “Mas atualmente, nossa inadimplência está em um nível 20% abaixo do nosso limite de risco.”
O executivo disse que a ARPAC (a receita média por cliente) triplicou nos últimos dois anos.
Um dos motivos para esse crescimento do Neon, segundo Miranda, é a independência de funding que a fintech conseguiu nos últimos anos.
Depois do closing da compra da financeira catarinense Biorc, anunciada em 2022, o Neon passou a realizar emissões de CDBs. Hoje a fintech já tem um estoque de captação de R$ 4 bilhões neste produto.
Além disso, no início do ano, o Neon trouxe para o seu balanço a carteira que estava sendo administrada pelo BV desde 2018, ano em que o BC liquidou o antigo banco Pottencial, que era usado pelo Neon como uma instituição de pagamentos.
Para o ano que vem, a fintech prevê integrar mais serviços voltados para as classes C e D em seu aplicativo, especialmente os das empresas que foram adquiridas pelo Neon nos últimos anos: MEI Fácil, Leve, ConsigaMais+ e a Biorc.
Miranda também mira um novo perfil de consumidor. Hoje a maior parte dos clientes do Neon é formada por trabalhadores das classes D e C-. “Com novos serviços e benefícios, vejo que podemos ir atrás de um trabalhador das classes C+ e B-,” disse.
Uma das alternativas para atrair esses clientes é uma entrada mais forte em investimentos, mas o Neon ainda não tem um prazo para isso. Em 2020, a fintech comprou a corretora Magliano, que hoje está inativa.
Miranda também não vê a necessidade de novos aportes no curto prazo. Este ano, o Neon captou R$ 518 milhões em uma rodada Series E. A empresa não divulgou quais fundos participaram, mas disse que todos eram investidores de rodadas anteriores. “Não precisamos de capital adicional para colocar em prática nossa estratégia,” disse.