O autoproclamado “melhor hambúrguer do mundo” é também o mais endividado.
Depois de adiar indefinidamente seu IPO, o Madero está vindo a mercado com uma oferta para levantar R$ 500 milhões em certificados de recebíveis agrícolas (CRA).
A hamburgueria disse que vai usar o dinheiro para comprar produtos in natura de produtores rurais – mas a grande relevância da operação será alongar o prazo da dívida da empresa, boa parte vencendo em breve.
O CRA será emitido em duas séries, uma com cinco anos de prazo e remuneração-teto de CDI + 3,50%; e outra com vencimento em seis anos e taxa-teto de NTN-B 26 + 3,50%. O tamanho de cada série vai depender da demanda dos investidores.
No final do terceiro trimestre, a dívida bruta do Madero era de R$ 1 bilhão – 44% maior que no mesmo período do ano anterior – e muito concentrada em empréstimos de curto prazo com bancos que a empresa vem renegociando desde o ano passado.
Cerca de metade da dívida vence em julho. O endividamento está concentrado no BTG, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú – os quatro bancos estão coordenando a oferta de CRAs. (No caso do Banco do Brasil, via UBS BB.)
A oferta ainda prevê um lote adicional de 20%. A emissão tem como garantias recebíveis de cartões de crédito, débito e/ou vouchers/vales de clientes. A securitizadora é a Ecoagro. Por conta da isenção fiscal, os CRAs costumam ser muito alocados em pessoas físicas.
O Madero foi fundado em 2005 pelo empresário Luiz Durski Junior, que controla a empresa com 58,7%. O fundo de private equity Carlyle tem 34,4% do negócio. No fim do ano passado, depois que o Madero não conseguiu o IPO, o Carlyle fez um aporte de R$ 300 milhões na empresa. Parte desse dinheiro, o Madero espera usar para a abertura de novas lojas.