A Ambipar acaba de contratar Roberto Azevêdo — o ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio — como presidente global de operações, um cargo recém-criado que vai focar na expansão internacional da companhia.
O diplomata começou este mês na posição, e vai se reportar diretamente ao CEO e fundador Tércio Borlenghi Júnior.
“Vou ajudar a Ambipar a encontrar parcerias, oportunidades e mercados que estejam interessados em avançar na agenda de sustentabilidade,” Azevêdo disse ao Brazil Journal.
Parte do trabalho também inclui falar com governos e entender o meio regulatório, “já que a área de clima e meio ambiente é altamente influenciada pelas políticas públicas.”
Segundo Azevêdo, a busca por oportunidades deve começar pelos grandes mercados, como Estados Unidos e Europa, “onde essas atividades já estão bem desenvolvidas e há um apetite grande por esses serviços. Mas a Ásia e a América Latina também são mercados importantes.”
Formado em engenharia elétrica pela Universidade de Brasília e em relações internacionais pelo Instituto Rio Branco, Azevêdo passou mais de 30 anos na carreira diplomática — sempre focado nas áreas econômica e comercial.
Ele serviu em Washington, trabalhando com assuntos econômicos e financeiros; em Montevidéu, onde ajudou nos trabalhos para o lançamento do Mercosul; e depois se mudou para Genebra, já na OMC.
Na sequência, tornou-se litigante do Brasil em paineis da OMC, depois negociador e negociador-chefe, antes de voltar para Genebra como embaixador.
Em 2013, foi eleito diretor-geral da OMC, um cargo que ocupou até meados de 2020.
“Quando saí da OMC, eu tomei a decisão muito clara de que ia continuar trabalhando de alguma forma com coisas relacionadas à sustentabilidade, já que eu via na OMC que essa agenda de clima e meio ambiente tinha uma força extraordinária,” disse ele.
“É um setor sub-investido, porque é desconhecido das pessoas. Tem poucos recursos humanos e poucos peritos. Tem ambientalistas e tem empreendedores, mas empreendedores com conhecimento da agenda climática é uma raridade.”
Depois da OMC, seu primeiro trabalho foi na PepsiCo, onde Azevêdo passou três anos como vice-presidente global de assuntos corporativos, um cargo que liderava a agenda ESG da multinacional.
Ele deixou a companhia no ano passado para se tornar sócio da YVY, a gestora fundada por Paulo Guedes e Gustavo Montezano para investir em empresas que atuam na transição para a economia verde. Na mesma época, fundou sua consultoria, a 9G (o nome é uma homenagem às 9 mulheres de sua vida: sua esposa, duas filhas e seis netas).
Azevêdo disse que vai continuar como sócio da YVY e atuando com sua consultoria, mas que a maior parte de sua dedicação será centrada na Ambipar.
A relação de Azevêdo com a Ambipar é recente. O embaixador conheceu Tércio há dois meses no aniversário de um amigo em comum, onde os dois passaram horas conversando sobre as questões climáticas.
“Foi muito curioso porque nessa conversa percebemos rapidamente que tínhamos uma visão parecida sobre o setor e a transição para uma economia verde,” disse Azevêdo.
Um mês depois daquele encontro, Tércio chamou Azevêdo para uma nova conversa e fez o convite.