Dizendo-se “obcecado” na busca por eficiência, o Carrefour Brasil anunciou hoje que focará nas conversões de hipermercados para atacarejos nos próximos três anos, além de fechar lojas deficitárias.
Em seu Investor Day, a companhia disse que seu capex deve cair de R$ 4,1 bilhões em 2023 para cerca de R$ 2,5 bilhões no ano que vem.
Até 2026, a maior varejista do Brasil vai converter 40 hipermercados em lojas do Atacadão e do Sam’s Club. Metade disso acontecerá ainda em 2024.
Com isso, a empresa espera acrescentar, por loja, de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões no EBITDA quando as lojas alcançarem a maturidade.
Esses ganhos acontecem porque as vendas em lojas convertidas em atacarejo aumentam em até 9% depois de um período de 36 meses.
O que pode ajudar ainda mais os números é a aposta em serviços que o Carrefour está estudando nas lojas convertidas. Neste ano, houve a manutenção de áreas como padaria e açougue em uma loja do Atacadão em Diadema (SP), algo que não é comum no atacarejo.
Segundo a empresa, apesar dos custos maiores com funcionários e maquinário, manter esses espaços gerou um aumento de 20% no tíquete-médio da loja – de R$ 135 para R$ 165.
“Temos que aproveitar a cultura do Atacadão. Já somos um grupo em que 70% das vendas vêm de lá e temos que aproveitar a cultura da empresa para melhorar ainda mais os custos,” disse o CEO Stéphane Maquaire.
A varejista também anunciou que pretende vender um pacote de 235 lojas próprias no próximo triênio – tanto os prédios das lojas que serão fechadas por performance, quanto os edifícios que fazem sentido ser monetizados pelo valor do terreno. O Carrefour não entrou em detalhes sobre quantas unidades serão encerradas.
A ideia é vender tudo em um pacote, mas em que o Carrefour teria uma participação majoritária de pelo menos 51%. As lojas que permanecerão abertas passarão a pagar aluguel. As conversas com interessados já começaram, disse o CFO Eric Alencar.
O movimento de fechamento já está em curso. Em outubro, o Carrefour Brasil anunciou que vai fechar 16 lojas em Belo Horizonte e que devolveria os imóveis alugados ao grupo DMA, dono das marcas Epa, Mineirão e Brasil Atacarejo. As empresas tinham um litígio por questões envolvendo aluguel.
Com todas as medidas, a empresa enxerga um impacto positivo potencial no EBITDA de R$ 180 milhões a R$ 220 milhões no ano que vem, e de R$ 550 milhões a R$ 800 milhões em 2026.
A varejista quer chegar a uma margem EBITDA entre 7% a 8% em 2025. No terceiro tri, o indicador ficou em 5,7%.
“A companhia está obcecada com a oportunidade de ser mais eficiente. O Carrefour quer ser mais leve, mais simples e adicionar centenas de milhões de reais em eficiência,” disse Alencar.
Para o ano que vem, o CFO afirmou que o Carrefour vai alcançar os R$ 2 bilhões em sinergia previstos com a absorção da operação do BIG. “E esse valor pode ser até ultrapassado,” disse Alencar. “Quanto mais cavamos as oportunidades, mais coisas encontramos.”
Essas sinergias virão, diz o executivo, de melhorias no SG&A (40%), melhores preços nas vendas diretas (40%) e uma menor parte em logística (20%).
As ações da varejista subiram 1,7% nesta terça-feira – a alta chegou a ser de 5% durante o Investor Day. O Carrefour Brasil vale R$ 24,4 bilhões na B3.