A Imetame — a empresa de metalurgia, mineração e energia com sede no Espírito Santo — anunciou agora há pouco a criação de uma joint venture com a Hapag-Lloyd, a quinta maior armadora do mundo.
A JV, que será dividida 50/50 entre as duas companhias, foi criada para desenvolver um terminal de contêineres em Aracruz, próximo ao Portocel, da Suzano.
A Hapag-Lloyd está investindo por meio da HGT, sua subsidiária focada em terminais portuários. Este é o primeiro investimento da gigante alemã num terminal no Brasil.
As duas companhias não divulgaram o valor da transação, mas fontes próximas às empresas disseram ao Brazil Journal que a HGT investiu cerca de R$ 1 bilhão na JV.

A Imetame já vem trabalhando nesse porto desde 2014, bancando 100% da construção com capital próprio de seu controlador, Etore Cavallieri — um self-made man que começou com uma pequena metalurgia em 1980 e a transformou numa das maiores empresas do Espírito Santo.
Além do terminal de contêineres, o porto deve abrigar também um terminal de cargas gerais, um terminal de óleo e gás e um terminal de granel. Por enquanto, no entanto, a única obra que já iniciada é o terminal de contêineres.
Segundo uma das fontes, o capex total do terminal de contêineres deve girar em torno de R$ 3 bilhões, e a estimativa é que ele comece a operar em meados de 2028.
Para a Hapag-Lloyd, o investimento marca sua entrada no mercado brasileiro de terminais, onde outras grandes amadoras já têm uma presença forte. Em setembro do ano passado, por exemplo, a CMA CGM comprou a Santos Brasil, dona de diversos terminais no porto de Santos e que pertencia ao Opportunity.
Um mês depois, foi a vez da MSC comprar a Wilson Sons, dona de dois terminais de contêineres, um no Rio Grande do Sul e outro em Salvador.
A Maersk também já tem uma posição de liderança no Brasil, operando terminais no porto de Santos; enquanto a Cosco Shipping não é dona de terminais no Brasil mas tem um terminal no porto de Chancay, no Peru.
O investimento da Hapag-Lloyd vem num momento em que a alemã está buscando ampliar sua vertical de terminais. Hoje ela opera 21 terminais de contêineres no mundo, e sua meta é chegar a 30 até 2030, particularmente por meio de M&As.
Em março, ela já havia comprado 60% do CNMP, um terminal de contêineres independente em Le Havre, na França.
Para as armadoras, há uma sinergia óbvia em operar os terminais. Os portos privados funcionam com janelas de atracação, e a preferência para usá-las é sempre do dono do terminal.
Na JV com a Imetame, a estratégia da Hapag-Lloyd é transformar o terminal num ‘hub port’ que vai receber cargas de navios grandes de longo curso e depois distribuí-las para portos com limitação de profundidade, disse uma fonte a par do assunto.
“Eles estão construindo um porto de águas profundas, com mais de 17 metros de profundidade da água, justamente para conseguir receber esses navios,” disse a fonte. “O porto de Santos, por exemplo, tem uma profundidade de 14,5 metros.”
Quando pronto, o terminal de contêineres terá uma capacidade de 1,2 milhão de TEUs.
A BR Partners assessorou a Imetame, que teve a assessoria jurídica do Veirano Advogados.
A HGT não usou assessor financeiro, mas trabalhou com o Demarest.











