Um grupo de empreendedores capixabas acaba de comprar a SAF do Rio Branco de Vitória, o maior clube em número de torcedores do Espírito Santo e o favorito para ganhar a Copa do Estado este ano.
A T2R, o veículo que reúne esses dez empreendedores, se comprometeu a investir R$ 50 milhões no Rio Branco ao longo dos próximos dez anos. Em troca, ficou dono de 90% da SAF do clube.
Como parte do acordo, 20% do investimento vai para a construção de um novo centro de treinamentos do clube. O restante vai para novas contratações de jogadores que possam mudar o Rio Branco de patamar.
A T2R é liderada por Renato Antunes de Souza Júnior, que será o CEO do clube, e Rodrigo Simões Miranda. Os dois são empreendedores que já fundaram e venderam duas startups: a Zaitt e a Shipp, ambas compradas pela Sapore em 2019.
Depois da venda, Renato e Rodrigo continuaram por mais três anos como executivos da companhia de alimentação corporativa (uma exigência do contrato), e deixaram a empresa em setembro passado.
A ideia de investir em futebol surgiu de Renato, um fanático pelo esporte que chegou a tentar a carreira de jogador profissional na juventude.
A dupla queria investir num time do Estado, e em dezembro contratou a Matix, que já havia assessorado as duas maiores transações do setor (Botafogo e Vasco). Analisando os quatro maiores times capixabas, a Matix escolheu o Rio Branco.
“É o clube com a maior torcida disparada do Estado, e o que tem mais títulos. Ele ganhou 37 vezes o campeonato capixaba, mais que o dobro do segundo,” Renato disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, 48% dos capixabas (ou 1,9 milhão de pessoas) se identificam como torcedores do Rio Branco, ainda que o clube não esteja dando alegria há um bom tempo.
A última vez que o Rio Branco ganhou o campeonato capixaba foi em 2015; hoje, o time não está nem na Série D do Brasileirão, e a última vez que disputou uma Série A foi em 1987.
A meta dos novos donos é levar o clube para a Série B do Brasileirão até 2030, quando ele já estaria entre os 40 maiores clubes no ranking da CBF. Hoje, ele não está nem entre os 100 maiores.
Para isso, a construção do centro de treinamento terá um papel importante, na medida em que deve ajudar a manter e atrair novos talentos. Além disso, Renato disse que no ano que vem o clube pretende reformular boa parte de sua equipe.
“Temos que avaliar e dar oportunidade para quem já está, mas ano que vem devemos ter uma nova formação, vai ser um time mais forte e com uma folha salarial compatível com o futebol profissional,” disse Rodrigo.
Fundado em 1913, o Rio Branco fechou o ano passado com uma receita de apenas R$ 1,5 milhão e um superávit de cerca de R$ 100 mil. Segundo Renato, o clube está com todas as dívidas equacionadas depois de um choque de gestão feito pelo atual presidente, Paulo Pacheco, no último ano e meio.
Ainda assim, os novos donos pretendem também fazer um trabalho para aumentar a receita. “Esse não é um projeto de injeção infinita de capital. Ele vem para se somar ao que já tem sido feito e para trazer de volta o torcedor que abandonou o clube nos últimos anos,” disse Rodrigo.
Segundo ele, muitos dos torcedores do Rio Branco acabam torcendo também para um “time grande”, da Série A. “Ainda assim, a maioria deles considera o Rio Branco como o primeiro time. Se o time começar a dar resultados melhores, a torcida volta. No passado, o Rio Branco já conseguiu colocar mais de 30 mil torcedores no estádio.”
No Espírito Santo, os grandes rivais do Rio Branco são o Desportiva Ferroviária, o Vitória e o Real Noroeste (que ganhou os últimos três campeonatos capixabas). Hoje, o Vitória e o Real Noroeste são os únicos na Série D do Brasileirão.
Para conseguir uma vaga na Série D, o Rio Branco teria que ganhar a Copa Espírito Santo, que começou no início do mês. Por enquanto, o time está na liderança da fase de grupos, com três vitórias seguidas, e é tido como um dos favoritos.