O Magazine Luiza vai levantar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões numa nova oferta de ações, fontes com conhecimento do assunto disseram ao Brazil Journal

Um anúncio é iminente, e a companhia deve começar a encontrar investidores já nesta quinta-feira.

O objetivo da oferta é acelerar os investimentos da empresa, que depois de se transformar de varejista tradicional em um líder do ecommerce agora está abrindo sua plataforma a outros varejistas.

A oferta vem no momento em que o Magalu tem seu melhor desempenho operacional desde o IPO.  As vendas online crescem acima de 50% há 11 trimestres consecutivos e, em setembro, pela primeira vez na história da companhia representaram mais da metade do faturamento total.

O mercado aplaudiu de pé o resultado: a ação subiu 7% e fechou num novo all-time high de R$ 44,02, dando à empresa um valor de mercado de R$ 67 bilhões.

Segundo as fontes, a oferta base é de 90 milhões de ações e será 100% primária.  Se a demanda se mostrar robusta, a companhia pode aumentar a oferta em 33% (o chamado hot issue).  Se o hot issue for exercido, dois terços dele será uma oferta secundária, com a família Trajano monetizando uma parte pequena de sua posição. 

Oito bancos trabalharão como coordenadores da oferta: Itaú BBA, BTG Pactual, Merrill Lynch, JP Morgan, Banco do Brasil, Bradesco BBI, Morgan Stanley e Santander.

Ao fazer a oferta, o Magalu está recuperando o atraso em relação aos concorrentes.  No mês passado, a B2W levantou R$ 2,5 bilhões — seu quinto aumento de capital desde 2011.  Em março, o MercadoLivre captou US$ 2 bilhões para aumentar a capilaridade e eficiência de sua logística.

Depois da compra da Netshoes, a posição de caixa líquido do Magalu caiu para R$ 600 milhões no final do terceiro tri.  Hoje, enquanto o MercadoLivre tem em caixa 4,6% de seu valor de mercado, no Magalu essa métrica é 1,6%.

Segundo as fontes próximas à oferta, o Magazine dirá aos investidores que os recursos da oferta vão financiar seus cinco pilares de crescimento:

Crescimento exponencial do marketplace: Hoje a empresa tem 11 mil sellers e vem acrescentando 1 mil por mês. 

‘Magalu as a Service’: A empresa quer aumentar os serviços agregados aos varejistas que vendem através da plataforma. Esses serviços vão desde a sofisticação da logística até serviços financeiros, como antecipação de recebíveis e empréstimos para os varejistas, passando por softwares e ferramentas de gestão para o pequeno comerciante.

Entrega rápida: O Magalu quer ainda investir para acelerar a entrega rápida: hoje 60% do que vende de estoque próprio – o chamado 1P – é entregue em até dois dias. Em cinco cidades, incluindo São Paulo, o varejista já consegue entregar em um dia – num projeto que está sendo estendido para mais 40 municípios. Parte dos recursos vão ainda para modernização das lojas: hoje apenas cerca de 40% das unidades da companhia contam com um ‘mini CD’ um espaço da loja que serve de retaguarda para abastecer o ‘clique-e-retire’.

Novas categorias: O Magalu quer vender novas categorias de forma a aumentar tanto a base de clientes quanto a frequência anual de compra. Isso pode ser feito de forma orgânica – como está fazendo em livros e produtos de consumo – ou via aquisições, como a compra da Netshoes.  Enquanto em eletroeletrônicos a penetração do ecommerce no Brasil já chega a 30%, em outras categorias é de menos de 5%. 

“Superapp”: Hoje o app do Magalu já inclui lojas de empresas próprias como Zattini, Netshoes e Época Cosméticos. A ideia é abrir a plataforma para que outros apps possam vender dentro dele, além de oferecer serviços financeiros e pagamentos.