A Eneva levantou R$ 4,2 bilhões num follow-on que ajuda a manter sua maquininha de aquisições rodando.

A oferta, precificada sexta à noite, saiu a R$ 14, pouco abaixo do fechamento do dia, a R$ 14,36.

Num sinal de aprovação à estratégia da companhia, os acionistas atuais ficaram com 200 milhões de ações – dois terços da oferta – apesar de um mercado cujo sentimento oscila entre o azedo e o amargurado.

10679 25c6b66e 4734 0f6b 2ba1 ffccfd6e5f96A Eneva fechou o dia valendo R$ 18,4 bilhões, e os acionistas atuais que não acompanharam a oferta foram diluídos em 18,5%.

Dado a enorme adesão à oferta prioritária, a tranche para distribuição ao mercado foi de apenas 100 milhões de ações – e teve demanda de mais de 7x.  Investidores locais foram 67% da demanda.

A Eneva precisava reequilibrar sua estrutura de capital depois do CEO Pedro Zinner anunciar três aquisições desde o início do ano.

A companhia pagou um enterprise value de R$ 11 bilhões pela Celse, a maior termelétrica da América Latina, cujo closing deve acontecer em outubro; terá que desembolsar 40% de US$ 1,3 bilhões pelo polo Bahia-Terra, que comprou em sociedade com a PetroRecôncavo, ainda que o closing só deva acontecer em meados de 2023; e outros R$ 400 milhões pela TermoFortaleza, que tem 360 MW de capacidade.

Com as aquisições, a Eneva consolida sua posição em térmicas a gás na costa, deixando de operar apenas no modelo reservoir-to-wire (R2W) – em que ela é dona do gás – e passando a operar no chamado gas-to-power, que trabalha com LNG importado.

Nos próximos anos, uma oportunidade da Eneva será comprar da Petrobras o gás produzido nos campos de Sergipe e Alagoas – que entram em produção em 2027 – e conectar este gás nas térmicas da Celse ou em gasodutos.  (Essa semana, por exemplo, a Celse fechou um contrato com a TAG para construir 24 km de gasoduto.)

A Eneva agora tem três grandes clusters de térmicas a gás: Solimões, no Amazonas; Parnaíba, no Maranhão; e os ativos de Sergipe e Fortaleza.

BTG Pactual, Itaú BBA e Bank of America coordenaram a oferta.  O BTG – dono de  22% da companhia – havia oferecido garantia firme para toda a operação a R$ 13 por ação.