Daniel Goldberg, que montou a operação do Farallon na América Latina e fez da gestora um dos mais bem sucedidos investidores em special situations do País, está deixando o fundo americano depois de mais de 10 anos, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
Goldberg comunicou ao Farallon semanas atrás sobre sua intenção de sair, e tem ligado individualmente para contrapartes da gestora, incluindo investidores.
Seu sucessor no cargo será Antenor Camargo — até agora seu braço direito — e Goldberg se comprometeu em ajudar na transição, que deve ser concluída logo após a virada do ano.
O Farallon é um dos maiores hedge funds do mundo, com US$ 35 bilhões sob gestão.
A notícia da saída, que já circula em alguns círculos da Faria Lima, está gerando especulações sobre o futuro de Goldberg, especialmente num momento em que as principais instituições da Faria Lima — do BTG à XP, passando pelo Itaú — tentam se posicionar como o seed capital de novas gestoras.
Com operações estruturadas que frequentemente misturam dívida, participação acionária, retornos preferenciais e garantias abundantes, Goldberg cavou oportunidades na época de recessão do pós-Dilma e na restrição de crédito que afetou diversas empresas como consequência da Lava Jato, particularmente a Odebrecht.
O Farallon colocou dívida e equity para equacionar situações complexas na Odebrecht Rodovias, Odebrecht Ambiental, PDG Realty e Invepar.
Recentemente, Goldberg esteve à frente do financiamento e restruturação da Oi, em uma operação de R$ 2,5 bilhões que permitiu à companhia refazer seu plano de recuperação judicial. Depois, financiou a criação da companhia de fibra recentemente vendida a fundos do BTG Pactual. Durante a crise da covid, o Farallon se manteve ativo e comprou a Elizabeth Cimentos, em seguida vendida à CSN.
Segundo um investidor dos fundos, os retornos do Farallon com special sits ao longo da última década têm se situado consistentemente acima de 15% em dólar, com perdas de capital mínimas e risco controlado.