Desde a privatização em agosto de 2023, a Copel tem executado um turnaround profundo, cortando custos na carne, atraindo novos talentos e vendendo ativos non-core a preços atrativos.
A reestruturação liderada pelo CEO Daniel Slaviero tem melhorado os resultados — e os dividendos — da geradora de energia, mas a companhia ainda não negocia como uma história de dividendo.
Isso abre uma oportunidade de compra, diz o analista Antonio Junqueira, do BTG.
Na suas contas, a Copel negocia a uma TIR real de 11%, em comparação a uma média de 6% a 8% de outras empresas de energia vistas como ações de dividendo.
Junqueira aposta que esse cenário pode estar prestes a mudar. A Copel deve anunciar uma nova política de dividendos em maio, substituindo a política atual, pela qual ela paga 50% do lucro (e qualquer coisa a mais vai como dividendos extraordinários).
“Isso faz com que ela não tenha a recorrência de quem busca um papel de dividendos,” disse Junqueira. “Mas todas as condições estão postas para ela virar esse tipo de papel.”
A Copel tem dito ao mercado que vai divulgar uma meta de alavancagem e que o dividendo vai responder a essa meta.
“Se eles colocarem uma meta de 3x EBITDA, por exemplo, eles vão ter plenas condições de entregar um payout de 100% pelos próximos 10 anos, porque eles geram muito caixa,” disse Junqueira.
Nas contas do BTG, caso distribua 100% do lucro a Copel pode pagar cerca de 7% de dividend yield este ano, 8,9% em 2026, 10,8% em 2027 e 12,7% em 2028.
No ano passado, ela pagou 7,4% de yield.
Desde a privatização, Slaviero tem executado um turnaround expressivo, reduzindo o headcount de cerca de 6.000 funcionários para 4.300, terceirizando algumas funções não estratégicas, e vendendo diversos ativos não core.
Os maiores deles foram a distribuidora de gás Compagas, que ela vendeu para a Compass por quase R$ 1 bi; e a termelétrica a gás UEGA, que ela vendeu para a Âmbar Energia por R$ 320 milhões.
A companhia também vendeu imóveis e terrenos, além de alguns ativos menores de geração.
No último um ano e meio, a Copel também redesenhou toda a estrutura organizacional da companhia, mudando as nomenclaturas de cargos, criando uma estrutura menos hierárquica, e implementando uma cultura de meritocracia.
A Copel fez ainda mudanças em seu C-level: contratou Felipe Gutterres como CFO, um egresso de companhias como a Wilson Sons e a Shell; e André Gomes, que passou pela CPFL, AES Brasil e Aneel, como diretor de regulação e mercado.
A Copel vale R$ 30 bilhões na B3, com sua ação subindo 25% desde a privatização.