O Bradesco acaba de lançar a carteira digital Bitz, tentando capturar os mais de 30% dos brasileiros adultos que não tem conta bancária e usando o peso de seu ecossistema num negócio definido pela escala.
O Bitz vai permitir fazer pagamentos com QR Code, transferências por TED, peer to peer ou pelo PIX — além de oferecer um cartão de débito e funcionalidades como pagamento de contas, saque na rede 24 horas, recarga de bilhete único e celular e remuneração do dinheiro parado na conta com 100% do CDI.
O Bradesco pretende impulsionar o Bitz por mídias digitais e usando o Bradesco Expresso — uma rede de cerca de 20 mil PMEs que agem como uma espécie de correspondente bancário do Bradesco.
Para ser rentável, uma carteira digital precisa de volume e frequência de uso. Sabendo disso, o Bitz fará parcerias estratégicas com grandes varejistas, redes de alimentação e empresas no setor de transporte. O app, construído sobre a tecnologia da Cielo, já nasce integrado com os cartões de alimentação e refeição da Alelo e planeja integrar a Veloe — a empresa de pagamento de pedágios e estacionamentos — e a Livelo, a empresa de fidelidade. Todas as empresas fazem parte do Grupo Elo, no qual o Bradesco é sócio do Banco do Brasil.
Curt Zimmermann, o CEO do Bitz, disse que além do crescimento orgânico a empresa planeja aquisições. Já há duas negociações em andamento: uma para complementar a tecnologia do Bitz e outra para aumentar a base de clientes.
“A segunda é uma carteira digital que já existe no mercado, mas que ainda não tem uma base muito grande. Queremos comprar pelo expertise da operação… gostamos muito dos executivos que estão lá.”
Em três anos, o Bitz espera chegar num market share de 25% a 30% do mercado brasileiro de wallets. Estima-se que este mercado tenha de 50 a 60 milhões de usuários no Brasil, ainda que as contas variem dramaticamente quando se inclui, por exemplo, o app da Caixa para o auxílio emergencial.
O lançamento do Bitz é o terceiro pilar da estratégia de transformação digital do Bradesco, que passa também pelo digitalização do próprio banco e pelo crescimento do banco digital Next.
O Bradesco está investindo um total de R$ 100 milhões na plataforma nos primeiros 12 meses de operação.
O lançamento do Bitz vem um ano depois do Itaú lançar o Iti, sua carteira digital, e em meio a uma concorrência crescente no segmento. Players de varejo como Via Varejo e Magalu já têm suas próprias wallets, enquanto carteiras tradicionais como o PicPay vem investindo pesado na captação de novos clientes.
Com a entrada em operação do PIX, prevista para novembro, Curt espera que o mercado de carteiras digitais tenha um impulso relevante — e que o banco capture parte desse crescimento.
“Nossa carteira já vai nascer funcionando dentro do PIX e inter operacionalizar com todas as carteiras disponíveis do mercado,” diz ele.
O Bitz vai se rentabilizar com comissões de vendas dentro do app, operações de recarga de celular e recebendo receitas de empresas no ecossistema do Bradesco, como por exemplo a Losango, que pagará um fee de distribuição por crédito gerado dentro do app. Além disso, o Bitz vai cobrar por transações como saque na rede 24 horas (R$ 7,90), pagamentos por QR Code, e ganhar com a taxa de intercâmbio do cartão Bitz.
Curt disse que o Bitz é voltado para que um público não bancarizado possa controlar suas finanças de forma digital. Quando o cliente começa a precisar de uma oferta de produtos mais robusta — como seguros e investimentos — ele passa a ser melhor servido pelo Next dentro do conglomerado Bradesco.