Num block trade discreto, os controladores da RD – Raia Drogasil venderam ontem 2,4% do capital da companhia aproveitando o fim de um lockup que durou cinco anos.

O bloco, organizado pela Itaú Corretora, envolveu 37,7 milhões de ações e movimentou R$ 906 milhões.

O Itaú havia oferecido garantia firme a R$ 23, e a transação saiu a R$ 24.

O papel fechou o dia a R$ 23,45.

Ontem, o mercado abriu em alta de mais de 1%, mas o papel da RD caía 1%, pressionado pela movimentação de outra corretora que fez consultas no mercado para levar o bloco. Pouco tempo depois, o Itaú, que já tinha feito o bloco anterior dos controladores há exatos cinco anos, levou o mandato e pôs o bloco na pedra às 15:25 hs.

Os controladores venderam, em média, menos de 15% de sua participação: nenhum zerou posição nem reduziu pela metade. Os vendedores agora terão um lockup de 90 dias.

O bloco de ontem tem um contexto histórico que começa dez anos atrás, na fusão entre a Raia e Drogasil.

Como a fusão estava unindo concorrentes ferozes, os controladores entenderam que o único meio de manter todos alinhados era impor um lockup sobre quase 100% de sua posição na companhia — à época 40% do capital.

Cinco anos atrás, quando este lockup caiu para 30% do capital, alguns acionistas fizeram vendas marginais da ação.

Agora — com a cultura da empresa e a confiança entre os sócios consolidadas — o lockup acabou, e os controladores redesenharam o acordo de acionistas.

O novo bloco de controle inclui as famílias Pipponzi, Pires e Galvão. Juntas, elas possuem 28% da companhia depois da venda de ontem.

Os três fundadores da Natura — Antonio Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos, acionistas históricos — venderam parte de sua posição ontem, mas continuam acionistas. Plinio Musetti, seu representante, continua no conselho.

A Raia Drogasil vale R$ 39 bilhões na Bolsa.