A DNA Capital — cujo principal investidor é a família Bueno, controladora da DASA — está investindo R$ 1 bilhão na Inspirali, a subsidiária da Ânima Educação focada em educação médica.
A transação atribui à Inspirali um equity value de R$ 3 bilhões (pre money) e um enterprise value de R$ 5 bi.
A Ânima fechou o dia valendo R$ 2,75 bi na B3. Em outras palavras, só a participação da Ânima na Inspirali vale mais do que todo o market cap da empresa hoje.
Após a transação, a DNA ficará com 25% do capital da Inspirali, e a Ânima, com o restante.
Como parte do negócio, a Ânima está alocando R$ 2 bi de sua dívida na Inspirali, o que vai reduzir substancialmente a alavancagem da Ânima, que estava em 4,1x EBITDA ao final do terceiro tri e era uma das grandes preocupações dos investidores, e agora cai para 2,8x.
Resultado de um carveout na operação da Ânima feito no ano passado — uma inovação jurídica no setor — a Inspirali tem 10 mil alunos já matriculados e outros 5 mil entre vagas já aprovadas e em processo de aprovação.
A empresa ainda é um pouco menor que a Afya, que tem 15,9 mil alunos, mas tem um posicionamento em mercados mais premium. Enquanto a Afya opera mais em cidades do interior, a Inspirali tem 14 instituições de ensino em capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Natal.
A transação anunciada agora junta a expertise acadêmica da Ânima com os desafios práticos do setor de saúde enfrentados pela DNA Capital, a gestora de private equity dos Bueno, que investe em empresas como a Dasa e Viveo e diversas startups do setor.
Os alunos da Inspirali devem se beneficiar particularmente quando a legislação brasileira — que hoje só permite residência em hospitais públicos e filantrópicos — passar a permitir a residência em hospitais privados.
Essa mudança tende a se tornar cada vez mais urgente, dado o déficit crescente nas vagas de residência. Enquanto o Brasil tem hoje 37,8 mil vagas de medicina, há apenas 17 mil vagas de residência.
A Inspirali disse que o investimento da DNA vai “contribuir para a experiência e empregabilidade dos estudantes,” bem como “potencializar o lifelong learning e aceleração da expansão” da companhia.
A Inspirali deve usar os recursos para investir em empresas de tecnologia que melhorem a oferta de educação da empresa e, eventualmente, comprar outras faculdades de medicina.
A transação vem num momento em que a ação da Ânima negocia em seu menor nível em um ano, com o mercado precificando menos matrículas no ensino presencial e uma menor percepção de valor para todo o setor de educação depois da pandemia.
A Ânima, que fará seu investor day anual na sexta-feira, tem se esforçado para se diferenciar do resto do setor, frequentemente mostrando a investidores o trabalho que fez para reinventar seu modelo educacional com foco em educação continuada, educação híbrida (presencial e online) e a organização do conteúdo pedagógico ao redor de competências.