O Assaí disse hoje que vai reduzir drasticamente seu capex nos próximos dois anos — entrando numa fase de desalavancagem depois de abrir quase 100 lojas desde 2021, o que pressionou seu endividamento.
Num Investor Day hoje cedo em São Paulo, o Assaí disse que pretende fazer um capex anual de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões em 2024 e 2025 – cerca de um terço dos R$ 5 bi que o Assaí vai investir este ano — entre capex e aquisições de pontos de venda — e comparado aos R$ 4,3 bi do ano passado.
A CFO Daniela Sabbag disse que isso vai permitir uma geração de caixa livre muito maior que o histórico recente da companhia.
A ação do Assaí subiu 2,6%, com o papel fechando em R$ 13,49.
“A geração de caixa livre já passou de R$ 1 bilhão negativa para R$ 126 milhões positivos no terceiro tri deste ano, e achamos que ela vai ser muito maior no ano que vem e suficiente para pagar os dividendos e os custos da dívida,” disse Sabbag.
Com o capex menor e uma geração de caixa robusta, o Assaí quer começar a se desalavancar. A projeção é reduzir a alavancagem dos 4,4x de hoje (excluindo os recebíveis da conta) para 3,5x até o final do ano que vem, “e o nosso plano é que a alavancagem continue caindo em 2025, e num ritmo acelerado,” disse a CFO.
A dívida bruta do Assaí soma R$ 13,8 bilhões, com a maior parte dos vencimentos concentrados em 2025 (R$ 3,9 bi). Ano que vem há R$ 1,9 bi vencendo e, em 2026, outros R$ 1,9 bi.
Sabbag disse que a empresa já está trabalhando na rolagem dessas dívidas. “Temos vencimentos no final do ano que já endereçamos e os vencimentos de 2024 são mais concentrados no segundo tri. Mas já temos conversas com os bancos e nunca tivemos dificuldade de rolagem das dívidas.”
Segundo ela, a expectativa é alongar essas dívidas de forma mais equilibrada até 2031 para não haver concentração em nenhum ano específico.
Mesmo com a queda do capex, o Assaí vai continuar abrindo lojas no ano que vem. O plano é abrir 15 novas lojas, em comparação às 27 deste ano e às 60 do ano passado. Em 2025, a companhia deve voltar a acelerar as aberturas, abrindo 20 lojas.
Hoje, o Assaí tem 281 lojas com 1,4 milhão de metros quadrados de área de vendas.
O CEO Belmiro Gomes disse que, dos 66 hipermercados que o Assaí comprou do GPA, 60 já foram convertidos em atacarejo, e a expectativa é concluir os seis restantes até o final do ano e focar apenas na expansão orgânica no ano que vem.
Belmiro disse que apesar da penetração relevante do Assaí — que tem um market share de 30% das vendas do setor — ainda há muitas oportunidades de crescimento.
“Quando você olha cidades acima de 150 mil habitantes, por exemplo, das 203 que existem, 91 delas ainda não tem uma loja do Assaí,” disse o CEO. “Dessas, 19 estão em São Paulo.”
Ele notou que o Assaí só não tem presença hoje em dois estados: Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O plano não é entrar nesses estados no ano que vem, já que a rede acabou de abrir sua primeira loja no Espírito Santo e quer aumentar a penetração por lá.
O Assaí também mostrou uma atualização do desempenho de suas lojas por safra. As lojas inauguradas até 2021, e que já estão maduras, estão operando com um EBITDA pré-IFRS (em que os aluguéis entram como despesa) de 6%, em comparação aos 5,4% de toda a empresa.
As lojas abertas em 2022 estão com EBITDA de 4,9%, e as abertas em 2023, que têm uma média de apenas 3,5 meses de vida, de 0,2%.
Sabbag ressaltou que as lojas abertas em 2022 chegaram muito rapidamente a um patamar de rentabilidade próximo da maturidade, sendo que o natural numa expansão orgânica é as lojas levarem de 3 a 5 anos para atingirem a maturidade. Já as lojas abertas em 2023 chegaram no breakeven mesmo tendo pago 9 meses de aluguel porque elas começam a pagar antes de inaugurar.
No Investor Day, o Assaí também sinalizou para uma manutenção da margem EBITDA no patamar atual da companhia, de 7,1% (pós-IFRS) e de 5,4% (pré-IFRS). Esse patamar está um pouco abaixo do histórico da companhia, que no passado chegou a operar com uma margem EBITDA de 7,5% (pós-IFRS) e de R$ 6,6% (pré-IFRS).