Impulsionada pelos serviços de inteligência artificial, a Microsoft bateu o consenso de mercado no último tri e viu sua ação subir mais de 3% num dia de queda para os mercados e as Big Techs.

As vendas da Microsoft cresceram 13% no último trimestre, com destaque para a divisão de nuvem, a Azure, que superou as estimativas e cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano passado.

O CEO Satya Nadella disse que o crescimento já reflete os novos produtos e serviços de inteligência artificial.

Satya NadellaOs clientes da Azure podem contratar o acesso aos modelos de IA da nuvem ou utilizar a plataforma, que dispõe de ferramentas da OpenAI, para desenvolver e treinar seus próprios sistemas de IA.

Segundo Nadella, mais de 18.000 clientes estão acessando os programas da OpenAI por meio da Azure Open AI Service.

Os serviços de IA representaram 3 pontos percentuais dos 28% de crescimento dessa divisão, disse o Bank of America em um relatório.

Os analistas do banco estimam que o Copilot – a ferramenta de IA que auxilia em tarefas como a redação de textos e a elaboração de apresentações – vai acelerar as vendas do Office nos próximos trimestres, ou seja, os serviços de IA também contribuirão para os resultados dessa divisão.

O segmento de cloud representa praticamente metade do faturamento total da Microsoft, que foi de U$ 56,5 bilhões no período, com alta de 12%.

“A Microsoft está voando. O lucro operacional cresceu 25%, um resultado muito forte para uma empresa desse tamanho,” disse Leonardo Otero, sócio da Arbor Capital, uma gestora focada em ações estrangeiras. “Se eu tivesse que escolher uma única ação para ter, essa ação seria a Microsoft.”

Os números positivos coroam a estratégia de Nadella, que recolocou a Microsoft na dianteira das Big Techs fazendo aquisições bem-sucedidas, como o investimento na criadora do ChatGPT, e reorientando as frentes de negócios da companhia.

Nadella assumiu o comando em 2014 e, desde então, a empresa fechou mais de 300 M&As. A lista inclui o GitHub, o LinkedIn, a Mojan Studios – criadora do Minecraft – e a Activision Blizzard – dos jogos Call of Duty, Guitar Hero e Candy Crush.

Com a alta de hoje, a Microsoft vale US$ 2,53 trilhões, com o papel saindo a US$ 340,67, perto do all-time high de US$ 366. A empresa se salvou num dia de queda generalizada das companhias de tecnologia. A Amazon caiu 5,6%, a Nvidia perdeu 4,3% e a Apple 1,4%. O índice Nasdaq encerrou em queda de 2,4%.

“Hoje é dia para ter dó do cliente,” disse um gestor que acompanha o setor de tecnologia.

Entre as Big Techs, o maior tombo foi da Alphabet, que publicou resultados abaixo do esperado na terça-feira. A ação caiu 9,6% hoje.

A receita com publicidade do Google bateu as estimativas, com um crescimento de 12% no trimestre, o maior ganho em dois anos.

Mas o que pesou foram os números tido como fracos no negócio de nuvem – um indício, para os analistas, de que a empresa está ficando para trás na corrida da inteligência artificial.

O faturamento do segmento de nuvem subiu 22%, abaixo dos 25% esperados pelo consenso – e na contramão do que foi visto nos resultados acima do consenso da Microsoft.

Thiago Kapulskis, o analista de tecnologia do Itaú BBA, disse que a queda nos papéis do setor se deve em parte a questões técnicas da alocação dos portfólios no setor. No caso específico da controladora do Google, ele não vê um gatilho que justifique a compra das ações.

“Quando todo o mercado cai, os investidores precisam se agarrar em algum ativo. A Microsoft tem sido, historicamente, um porto seguro,” disse Thiago. “Os bons resultados do trimestre reforçam isso.”