A Anheuser-Busch InBev (ABI) vai colocar outro líquido nas suas latinhas de alumínio: vinho.
A gigante da cerveja acaba de adquirir o controle da Swish Beverages, dona da Babe Wine, uma marca de vinho descolada que faz sucesso com millennials nas redes sociais.
Com o consumo de bebidas alcoólicas em queda pelo terceiro ano consecutivo nos EUA — e a queda liderada pela categoria de cervejas — a fabricante da Budweiser está ampliando o que chama de seu portfólio ‘Beyond Beer’.
A Swish Beverages foi fundada por Josh Ostrovsky — um famoso influenciador do Instagram com mais de 10 milhões de seguidores e conhecido como “The Fat Jew” — e os irmãos Tanner e David Oliver Cohen. Eles tiveram a ideia a partir do que chamam de “white girls problem”: a dificuldade de se encontrar vinho Rosé para regar as festas no verão nos idos de 2014 nos Hamptons, o balneário mais famoso de Nova York.
E de problemas de garotas brancas eles entendem. Os irmãos Tanner e David são os autores do best seller “White Girl Problem”, série de livros que nasceu a partir de um perfil de humor no Twitter.
O primeiro vinho veio na garrafa em 2015: ‘White Girl Rosé Wine’.
Mas eles acertaram a mão no ano seguinte, com o lançamento do Babe Wine, em lata. Nas versões tinto, branco e rosé, todos com gás – ou “com bolinhas” como se lê na embalagem – , a bebida se transformou no grande hit da Swish Beverages: representa 95% das vendas.
A ABI já tinha uma participação minoritária na Swish Beverages desde o ano passado. A aquisição foi feita por meio da ZX Ventures, veículo criado para apostas em novas marcas fora do mercado de cerveja.
O vinho em lata — apenas gaseificado ou em versão cooler, misturado com suco de fruta, água e açúcar — está em alta entre os millennials, que têm trocado os packs de cerveja pelos de vinho nas festas de verão.
O segmento ainda é marginal — cerca de 1% do mercado de vinho. Mas as vendas crescem quase 80% ano contra ano, segundo a Nielsen. Esses números devem crescer com a entrada de players como a própria ABI e também grandes vinícolas que estão aderindo à onda das latinhas.
Muitos enólogos torcem o nariz para vinhos servidos em lata e que sequer mencionam o tipo de uva no rótulo.
No entanto, a categoria foi agraciada recentemente com elogios por parte do respeitado crítico de vinhos do The New York Times, Eric Asimov. Numa coluna publicada no mês passado, ele rasgou elogios para o Ramona, uma marca de ‘wine cooler’ orgânico e em lata, feito a partir de vinhos da Itália e adoçado com suco de uva.
No início do ano, a ABI já havia comprado a Cutwater Spirits, uma marca com 14 tipos de coquetéis prontos para o consumo e também vendidos em latinhas.
Na Babe Wine tudo é muito moderno, exceto…. o apelo que lembra as velhas propagandas de cerveja: uma modelo de biquini fazendo caras e bocas e tomando vinho na latinha, com canudinho.