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Garimpo ilegal: por que existe, e como combater

14 de abr, 2024

Da violência à destruição do meio ambiente, as mazelas do comércio ilegal de ouro são conhecidas. Mas as – poucas – ações tomadas para coibir essa prática têm surtido efeito limitado, diz Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Instituto Escolhas, que sistematiza pesquisas sobre mineração e uso de terra. De acordo com um estudo que ela coordenou, entre 2015 e 2020, cerca de metade da produção de ouro do Brasil teve origem ilegal – ou seja, o metal foi extraído de áreas não liberadas para o garimpo, como reservas indígenas. A análise foi feita a partir do cruzamento de mais de 40 mil registros de comercialização de ouro e imagens de satélites de extração no Brasil.

“Começamos a atacar a superfície do problema, mas o mercado ilegal continua chegando facilmente às vias legais”, disse ela a Marcos Lisboa neste episódio de estreia da segunda temporada do podcast Lado B. São muitas as brechas que facilitam o comércio ilegal de ouro. Um exemplo é a fiscalização precária combinada com a sofisticação dos garimpos. Recentemente, Larissa – que também é doutora e mestre em Energia pela USP – visitou garimpos na Amazônia e nos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso. “Com a mecanização, é possível abrir uma área de garimpo, que antes demorava um mês, em uma semana.”

Medidas de repressão são necessárias, mas não vão resolver sozinhas, afirma a especialista, que foi coordenadora da área de pesquisa e investigação do Greenpeace Brasil. “É necessário rastreabilidade. Um importador de ouro do Brasil precisa saber exatamente de onde o ouro veio, por meio de documentação, carimbo. Hoje, ele não sabe. Essa informação não está disponível.”

Discutir temas diversos com base em pesquisas e evidências é a proposta do videocast Lado B, que tem tem um novo episódio a cada quinzena. Marcos Lisboa recebe convidados para debater macroeconomia, ciência, gênero no mercado de trabalho, políticas públicas, urbanismo, violência, mercados ilegais e outros assuntos que afetam o nosso cotidiano.

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