O Santander iniciou a cobertura da Moura Dubeux com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 9,50 — um upside potencial de 79% em relação ao preço de tela.
No centro da tese: a Moura tem uma posição dominante no Nordeste e está exposta a regiões com uma competição muito baixa. No início dos anos 2010, grandes construtoras como Cyrela, PDG e Gafisa tentaram entrar na região, mas acabaram saindo ou reduzindo sua presença depois da crise de 2015, que levou a muitos cancelamentos de compras.
A Moura é a líder de mercado na região com um share nos segmentos de média e alta renda de 22,6% em Recife, 12,8% em Fortaleza e 10,9% em Salvador.
Além disso, “as perspectivas de lucro da empresa são positivas apesar de seu valuation barato de 0,4x o book value, com um ROE de 13,5% em 2023,” escreveram os analistas Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheu Meloni.
Para eles, a Moura deve crescer seu lucro por ação nos próximos anos a uma taxa média anual de mais de 40% e opera hoje com uma estrutura de capital “muito sólida.”
A Moura tem capacidade de lançar um VGV de R$ 2,5 bilhões por ano em projetos residenciais num mercado com capacidade para absorver cerca de R$ 8,6 bi (considerando as setes cidades em que a companhia opera).
Segundo o Santander, depois da crise de 2015 a Moura tornou-se a única construtora do segmento de média e alta renda do Nordeste com capacidade para lançar mais de R$ 500 milhões por ano em VGV.
Os analistas também notaram que a construtora opera num modelo verticalizado que garante uma maior eficiência.
A Moura treina sua própria equipe de construção e atrela uma parte relevante de sua remuneração a metas de produtividade — o que aumenta o controle da empresa no processo de construção e diminui o risco de renegociações de contratos com os sindicatos.
A construtora também tem seu próprio time de vendas, o MD Vendas, que respondeu por cerca de 46% das vendas do ano passado. A empresa está expandindo essa equipe e espera que ela responda por 70% das vendas já no ano que vem.
“Além de melhorar a eficiência dos custos das vendas, acreditamos que o MD Vendas gera uma maior identificação e know-how dos vendedores com os produtos da companhia, levando a uma maior satisfação do cliente e a menos cancelamentos,” escreveram os analistas.
A Moura fez seu IPO em fevereiro de 2020, quando levantou R$ 1,25 bilhão a R$ 19 por ação. Hoje, o papel negocia próximo ao low histórico, a R$ 5,3. A companhia vale R$ 450 milhões na Bolsa.