Fundada por um casal de brasileiros, a Bossa Studios foi uma das pioneiras no mercado de jogos de humor e simuladores com hits como “Surgeon Simulator” e “I Am Bread” — no qual o jogador ‘incorpora’ uma fatia de pão que precisa ser torrada — e se firmou como uma das mais promissoras desenvolvedoras independentes de jogos do mundo.
Agora, a startup baseada em Londres acaba de levantar uma rodada Series B para levar seus joguinhos engraçados (e nonsense) para os consoles e smartphones dos chineses.
A Bossa levantou US$ 30 milhões com a NetEase, uma desenvolvedora e publisher de games chinesa que tem, por exemplo, os direitos do World of Warcraft no país.
A China é um dos maiores mercados de games do mundo, movimentando mais de R$ 37 bilhões/ano, ou 25% do faturamento global da indústria.
“Para lançar jogos na China o governo exige que você tenha um parceiro local que detenha 51% dos direitos, e todos os jogos precisam ser aprovados pelos órgãos de cultura de lá,” Henrique Olifiers, um dos fundadores da Bossa, disse ao Brazil Journal. “A maior vantagem deste aporte é ter um parceiro estratégico que abra essas portas pra gente.”
A ideia é entrar na China com o Hogwash — um jogo recém-lançado em que o usuário controla um trio de porcos que tentam enlouquecer um fazendeiro sujando seu quintal — e depois introduzir todo o portfólio da empresa. A meta é que no médio prazo a China responda por entre 20% a 25% da receita da Bossa.
Fundada há quase uma década, a Bossa hoje tem oito jogos ativos, quase todos com uma pegada de humor. A empresa já vendeu mais de 10 milhões de downloads e discos e deve faturar US$ 15 milhões neste ano. A Bossa dá lucro desde o primeiro ano de operação.
O maior hit disparado é o “Surgeon Simulator”, um jogo em que o usuário ‘incorpora’ um cirurgião que precisa fazer uma operação no coração. O problema? Sua mão não para de tremer.
Em seis anos, o jogo já vendeu 5 milhões de unidades e ainda gera 10 milhões de views por mês no Youtube, de pessoas que assistem o gameplay de outros jogadores ou dicas de como evoluir no game.
Há ainda o “I Am Fish”, em que o jogador é um peixe que precisa voltar para o mar; e o “Pigeon Simulator”,, em que o usuário controla um pombo com a missão de destruir a cidade — defecando na cabeça dos humanos. “É uma espécie de GTA dos pombos”, diz Pedro Zuim, o head de novos negócios da Bossa, em referência ao clássico jogo dos anos 90 em que o jogador assume o papel de um criminoso num dia de fúria.
A Bossa foi fundada por Henrique e sua parceira, Roberta Lucca, que se conheceram quando trabalhavam na Globo, num projeto para o Big Brother Brasil. Roberta cuidava das interações com o público, e Henrique foi encarregado de desenvolver um joguinho online com os participantes do programa.
Em 2005, Henrique recebeu uma proposta de uma publisher inglesa e os dois se mudaram para Londres. Cinco anos depois, decidiram criar sua própria desenvolvedora — um sonho de infância de Henrique, que começou a desenvolver jogos com apenas 14 anos.
Desde que surgiu, a Bossa já recebeu aportes da Atomico, um dos primeiros investidores da Supercell (a desenvolvedora que foi comprada recentemente pela Tencent por US$ 10 bilhões) e do London Venture Partners, um fundo inglês focado no mercado de games.
A nova capitalização vai acelerar o ritmo de lançamento de jogos. Hoje, apenas dois ou três jogos são publicados por ano, mas a empresa quer chegar a 10 por ano em 2022.
“Essa indústria está começando a entrar em ebulição,” diz Zuim. “Hoje ela já é cinco vezes maior que a indústria de cinema. Imagina daqui a 5, 10 anos.”
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