De onde menos se espera, é daí que sai ainda menos.
Depois de detonar uma bomba atômica que aniquilou bilhões de reais no setor elétrico brasileiro — sem deixar sequer uma conta elétrica mais barata para os brasileiros (seu objetivo declarado) — a ex-Presidente Dilma saiu hoje da irrelevância conquistada nos últimos meses para atacar a privatização da Eletrobras.
Numa ‘tweetstorm’ que mais lembrou a diarréia mental crônica de Donald Trump, Dilma rugiu:
“Vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o País sujeito à apagões [a crase é dela].”
Ao que um tuiteiro respondeu, sarcástico: “Em 2001 a Eletrobras era privatizada?”
“Depois da farra da compra de votos, o governo ilegítimo anuncia meta irreal e quer vender o patrimônio do povo brasileiro para cumprí-la.” [outro acento indevido, provando que é ela mesma tuitando]
Se, como disse Samuel Johnson, ‘o patriotismo é o último refúgio do canalha’, o ‘patrimônio do povo brasileiro’ é o último refúgio da esquerda canalha.
A aula da ‘presidenta’ terminou com um tweet que lembra o modus operandi do batedor de carteira quando faz uma vítima: grita ‘pega ladrão’ e aponta para o outro lado.
“O resultado é um só: o consumidor vai pagar uma conta de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido.”
Santa cara de pau.
Aconteceu o seguinte, caso você já tenha superado o trauma:
Alguns empresários ligados à FIESP disseram a Dilma que o custo da energia no Brasil era muito alto, que era preciso reduzi-lo. ‘Maravilha’ pensou a governanta. ‘Basta reduzir a margem de lucro dos donos das usinas.’
‘Como é que ninguém pensou nisso antes, brava guerreira? Genial,’ responderam os empresários que gostam de sentar no colo quentinho do Estado.
Munida de uma caneta na mão e ideias atrasadas na cabeça, Dilma editou a hoje famosa MP 579, que tentava abaixar na marra a conta de luz transformando o setor elétrico num deserto de investimentos. Em vez de incentivar o capital a construir novas usinas, Dilma tabelou os retornos das empresas, usando a desculpa de que os investimentos feitos há 30, 40 anos já tinham dado retorno suficiente. (Depois que a Apple recupera o investimento no iPhone, ela baixa o preço, né?)
Esse pensamento tacanho e anticapitalista, materializado em lei pelo poder presidencial, quebrou a Eletrobras — a empresa que o Governo ‘golpista’ trabalha há um ano para consertar — e pendurou diversas outras empresas do setor nos bancos, de onde até hoje não saíram. A dívida do setor cresceu R$ 228 bilhões como resultado da MP (mais do que o buraco fiscal estimado para este ano).
A privatização da Eletrobras é a decisão mais corajosa do Governo mais frágil de nossa história recente. Sequer está claro que o Governo terá força para aprovar o que precisa para realizar a desestatização antes do ciclo eleitoral de 2018. E permanece menos claro ainda se, quando o Estado for dono de apenas 20% ou 30% da Eletrobras, os políticos deixarão a empresa em paz, ou continuarão traficando seus votos por empregos para afilhados e contratos esquisitos.