A TUI Travel, líder no mercado de turismo na Europa, está se movimentando para fazer uma oferta pela CVC, a líder do setor no Brasil.
A empresa está trabalhando com o Deutsche Bank.
Como sempre acontece com estes movimentos, não há garantias de que uma oferta aconteça nem de que, em ocorrendo, será bem-sucedida. Também não se sabe que prêmio a TUI estaria disposta a pagar.
Esta não é a primeira vez que a TUI tenta comprar a CVC.
Antes do IPO da empresa em dezembro de 2013, a TUI conversou com o Carlyle, o fundo de private equity que controla a CVC, a respeito de uma aquisição.
No entanto, as conversas não avançaram à época porque a TUI temia o risco trabalhista. O contrato da CVC com seus franquiados, no entender da TUI, poderia gerar um passivo trabalhista para a empresa brasileira. De lá para cá, estes contratos foram refeitos, diminuindo este risco.
Não está claro se a CVC já foi abordada formalmente.
A TUI, que tem um valor de mercado de 5,8 bilhões de libras (28 bilhões de reais), é dona de 1.800 agências de turismo, um portfólio de hoteis, frota de aviões para vôos charter e navios de cruzeiro.
A CVC vale 2,5 bilhões de reais na Bovespa. A ação está em alta de 46% nos últimos 12 meses, demonstrando impressionante resiliência num momento em que o consumidor tem apertado o cinto e cortado despesas discricionárias como viagens.
O IPO da CVC saiu a 16 reais por ação, apesar do Carlyle ter proposto uma faixa de preço entre 18 e 22 reais. Um ano e meio depois, a ação está em 19 reais, batendo o CDI do período (18,6%) e dando uma surra no Ibovespa (28,6% vs. 3,5%).
A TUI já fez uma aquisição no Brasil.
Em setembro de 2012, comprou o MalaPronta.com, então a quarta maior agência online de turismo do Brasil. O valor da transação não foi divulgado. Na época, o fundador do MalaPronta, Francisco Millarch, disse ao Valor Econômico: “Em todos os mercados onde a TUI está, ela gosta de ser a primeira ou, ao menos, a número dois.”
Uma oferta pela CVC seria a mais recente demonstração de que investidores estratégicos — olhando o Brasil em meio à incerteza atual — vêem valor num horizonte de mais longo prazo. Nos últimos meses, a British American Tobacco (BAT) fez uma oferta para fechar o capital da Souza Cruz ; o empresário Edson Bueno, ex-controlador da Amil, propôs fechar o capital da Dasa ; e os controladores do Banco Daycoval decidiram tirar o banco da Bolsa.
Banqueiros de investimento estão ocupados com outras transações do tipo, que devem emergir ao longo do ano.