O governo americano anunciou na sexta-feira que vai proibir a venda do antivírus da empresa russa Kaspersky Lab.

A Secretária do Comércio, Gina Raimondo, disse em conversa com jornalistas que a Rússia “tem a capacidade e a intenção de explorar empresas russas como a Kaspersky para coletar e transformar em arma os dados pessoais dos americanos.” 

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos deu 30 dias para a Kaspersky deixar de comercializar seus softwares de proteção e autorizou atualizações até o dia 29 de setembro. 

“Isso significa que os softwares irão se degradar. É por isso que eu recomendo fortemente que os americanos encontrem imediatamente uma alternativa à Kaspersky,” disse Raimondo.

Eugene Kaspersky, o fundador e ainda CEO da empresa que leva o seu nome, é acusado há anos pelos Estados Unidos de trabalhar para a espionagem russa. 

Na década passada, publicações como a Wired e a Bloomberg escreveram reportagens sustentando que a empresa tinha ligações com a FSB – a agência de segurança russa que substituiu a KGB. 

Naquela época, a relação entre Rússia e EUA estava ainda mais delicada do que de costume após acusações de interferência russa na eleição vencida por Donald Trump em 2016.

Um ano depois, foi relatado um caso de roubo de dados de documentos secretos do governo americano através de um computador pessoal de um funcionário – que usava o antivírus da Kaspersky.

Este foi um dos motivos que fez o Governo Trump proibir órgãos do governo de utilizarem o software da Kaspersky. O fundador da companhia se defendeu. 

“Por quase cinco anos, a Kaspersky Lab esteve na linha de fogo de algumas fontes que falsamente relatam que temos laços secretos e antiéticos com organizações governamentais,” Eugene escreveu em um artigo para a Forbes em 2017. 

“Quantas provas e fatos concretos eles conseguiram? None. Nada. Zero. Zilch!”

Segundo a própria empresa, a Kaspersky possui mais de 400 milhões de clientes no mundo, sendo 240 mil corporativos.