A ação da XP desaba mais de 12% no pregão de hoje, com os investidores repercutindo o resultado do primeiro trimestre da corretora.
Apesar dos números terem vindo fracos, a visão predominante no sellside é de que a queda é exagerada e abre um bom ponto de entrada.
Para Eduardo Rosman, que cobre o papel no BTG, a teleconferência com o mercado acabou agravando a queda do papel.
“A call de resultado foi desapontadora, com o management culpando o macro e mostrando uma inabilidade de compensar isso com novos negócios,” disse Rosman. “Passou uma sensação de impotência para gerar alpha além do macro.”
Ainda assim, Rosman não esperava uma queda tão acentuada e reiterou seu ‘buy’ no papel.
O JP Morgan também disse achar a queda exagerada.
“É verdade que os resultados vieram desanimadores, mas as tendências fracas já eram esperadas,” escreveu o analista Yuri Fernandes.
Com a queda de 12%, o JP calcula que a XP agora está negociando a 10-11x o lucro estimado para o ano que vem, já considerando uma projeção revisada de R$ 5 bi de bottom line em 2025.
“Ainda que o case da XP continue altamente dependente da queda da taxa de juros, vemos esse nível de valuation como um bom ponto de entrada,” escreveu Yuri.
O analista disse esperar uma melhora daqui para frente, já que a companhia mencionou na call uma recuperação no net new money no segundo tri.
Além disso, “ainda que muitos investidores se mostrem preocupados com a sustentabilidade das receitas do investment banking, o pipeline parece robusto e esperamos resiliência nessa linha.”
O JP também notou que o volume de operações de derivativos na B3 vieram fortes em abril, o que pode ser um vento a favor da XP.
“Por fim, acreditamos que a maioria dos investidores não vê nenhum benefício nas novas iniciativas como banking e PMEs, que nesse momento são vistas apenas como opcionalidades.”
Yuri admitiu que o momentum da XP não é bom, “mas o valuation atual não faz justiça ao CAGR de 38% no lucro no período de 2019-2023.”
O BTG também disse que o valuation atual está barato, mas que não vê triggers para a ação além de melhores macro/beta.
No primeiro tri, a XP reportou números em linha com o consenso, que já tinha uma expectativa baixa.
Num ambiente desafiador para a captação de novos recursos, o net new money veio praticamente estável em comparação ao tri anterior. Já a receita surpreendeu um pouco para cima, ajudada pela atividade de DCM, que veio forte.
A alta nos custos e nas despesas financeiras e um impostos maior, no entanto, levaram a um lucro 1% menor que o do quarto trimestre e 3% abaixo do consenso.