A Vivara anunciou Icaro Borrello como seu novo CEO, promovendo para o comando da empresa um executivo de confiança de Nelson Kaufman e que tem liderado as transformações recentes na operação e rentabilidade do negócio.
Icaro entrou na Vivara no início do ano como COO, recrutado por Kaufman, o controlador e fundador da rede de joalherias que voltava ao dia a dia do negócio naquele momento.
Ele vai substituir Otavio Lyra, que assumiu o cargo em março, depois de ter passado quatro anos como CFO. Lyra está de saída da companhia.
Antes de entrar na Vivara, Icaro passou três anos na Alvarez & Marsal — metade do tempo no Brasil e metade em Nova York — onde trabalhava em projetos de melhoria de performance na indústria de bens de consumo e varejo.
O executivo — que é formado em engenharia civil — também teve passagens pelo Carrefour Brasil e pelo Walmart, onde atuou em áreas como vendas digitais e logística.
Desde que entrou na Vivara, Icaro tem liderado um trabalho de mudanças operacionais e redução de custos visando uma maior rentabilidade.
“Temos que lembrar que no quarto tri do ano passado e no primeiro tri deste ano o lucro líquido estava caindo uns 7%, 8%, apesar da expansão forte do top line,” o executivo disse ao Brazil Journal.
“A companhia estava perdendo força do ponto de vista de rentabilidade e começamos a fazer um trabalho para mudar isso baseado em quatro pilares.”
O primeiro pilar — já praticamente finalizado — é a otimização operacional, com o enxugamento das equipes e a retirada de alguns layers hierárquicos, o que já deixou a empresa mais ágil e leve, segundo o novo CEO.
“Isso já está bastante endereçado e vamos começar a colher o que plantamos. O que falta ainda nessa frente é a centralização da área de compras e algumas renegociações de contratos,” disse ele.
O segundo pilar é melhorar a experiência dos clientes e o nível de serviço. Para investir nessa frente, Icaro disse que a companhia tem usado parte dos recursos que economizou com a otimização operacional.
“O mercado de luxo tem que ofertar algo espetacular do ponto de vista de experiência e achamos que a Vivara não estava indo nesse caminho. Temos trabalhado muito no SAC, na assistência técnica e na logística para azeitar todos os pontos de contato com os clientes,” disse Icaro.
Segundo ele, a companhia entregou até agora um quarto do planejado nessa frente.
A Vivara também está fazendo um trabalho na parte dos estoques, começando pela melhor alocação deles. O novo CEO disse que quando entrou na empresa o nível de estoque estava muito grande nos centros de distribuição e muito baixo nas lojas.
Essa curva já se inverteu, o que tem se refletido num crescimento das vendas ‘mesmas lojas’ da Vivara.
A companhia está buscando ainda diminuir a ruptura nas lojas — ou seja, o número de produtos que o consumidor busca e não encontra. Segundo Icaro, a ruptura da Vivara estava em 40% no início do ano e já reduziu para 20% hoje. “Até o final do primeiro trimestre do ano que vem queremos levar esse patamar para um nível aceitável, que é próximo de zero,” disse ele.
Por fim, a Vivara tem feito algumas mudanças na Life, aumentando os lançamentos de novas coleções, que tinham diminuído a partir do segundo tri do ano passado. “Como as lojas estavam com coleções mais antigas, isso estava gerando uma lacuna e piorando as ‘vendas mesmas lojas’,” disse ele. “No quarto tri deste ano já lançamos um bom portfólio de coleções e vamos continuar fazendo isso no ano que vem.”
Em termos de expansão, a Vivara continua focada na Life, sua marca de produtos de prata, mas Icaro disse que ainda vê boas oportunidades de aberturas de lojas para a Vivara.
A companhia também iniciou no mês passado sua expansão internacional, abrindo sua primeira loja fora do Brasil, no Panamá.
A opção por começar pelo Panamá tem a ver com o fato do país ter “pouca concorrência, ser um mercado próximo ao Brasil, e que tem facilidade de entrada por conta dos impostos,” disse Icaro. “É um bom local para testar.”
Se a estratégia der certo, Icaro disse que o plano é expandir para outros países da América Latina que tenham oportunidades maiores e que sejam mais parecidos com o Brasil do ponto de vista de consumo — como o México e a Colômbia.