Cinco anos após a compra da Amil, a UnitedHealth está expandindo na América Latina com a compra da Banmédica, uma rede planos de saúde que opera no Chile, Peru e Colômbia.

Uma espécie de Amil que fala espanhol, a Banmédica também é líder nos países onde atua e opera de forma verticalizada com uma rede de 13 hospitais e mais de mil leitos. Tem 2 milhões de vidas, contra 4 milhões da brasileira.

A United avaliou a Banmédica em US$ 2,8 bilhões, ou cerca de 14,5 vezes o EBITDA dos últimos doze meses, acima do múltiplo de 12,6 vezes pago pela operadora brasileira em 2012. Na última grande aquisição do setor no Chile, a espanhola Bupa também topou pagar um múltiplo na casa de 14 vezes pela Cruzblanca.

“O Chile em geral tem prêmio sobre o Brasil. Os fundos de pensão locais são obrigados a comprar lá, e como a previdência é privatizada isso cria demanda”, diz um banqueiro especializado em saúde.

A Banmédica fatura US$ 2,4 bilhões e cerca de 70% da receita vem do Chile, que tem alta penetração dos planos de saúde. Por lá, todo funcionário com registro em carteira tem um recolhimento compulsório do salário que vai para a saúde. O empregado pode optar por destinar o imposto para o sistema público ou utilizá-lo para pagar – integralmente ou parcialmente – um plano privado.

O desenho da operação, anunciada pouco antes do Natal, também lembra o caso brasileiro. Os controladores – o Grupo Penta, uma holding financeira dona de seguradoras e do Banco Penta, e a família Fernandez León – aceitaram vender sua fatia de 57%, e a United lançou uma oferta pelo restante das ações em circulação na Bolsa de Santiago. A expectativa é que o negócio seja concluído no primeiro trimestre de 2018.

O namoro da United com a Banmédica começou há alguns anos, logo após a compra da Amil. Mas o apetite pela América Latina cresceu neste ano, depois que a Justiça americana bloqueou a compra da Cigna pela Anthem e da Humana pela Aetna por preocupações antitruste, sinalizando que o espaço para consolidação nos Estados Unidos tornou-se exíguo. A operação também amplia o mercado para a Optum, o braço de serviços e tecnologia da UnitedHealth que tem margens mais elevadas.

A UnitedHealth é uma máquina de gerar caixa e tem um caminhão de dinheiro para aquisições, ao mesmo tempo em que distribui dividendos e faz programas agressivos de recompra. Nas contas do Credit Suisse, só neste ano a companhia deve ter uma geração de caixa operacional na casa dos US$ 12,5 bilhões.

A compra da Banmédica acontece ao mesmo tempo que a UnitedHealth começa a virar o jogo na Amil. Logo após a aquisição, a inflação médica explodiu e a companhia passou a dar prejuízos sucessivos. Mas nos últimos trimestres, sob o comando de Claudio Lottenberg, o ex-presidente do Hospital Albert Einstein, a operadora vem conseguindo reduzir a sinistralidade e já está na rota do lucro, diz uma fonte próxima à companhia.