A ação da Suzano já caiu 13% desde a notícia de que a companhia abordou a International Paper para uma aquisição por US$ 15 bilhões – mais de 100% do valor de mercado da própria Suzano no dia em que as negociações vazaram.
Mas para o BTG Pactual, esse de-rating é difícil de justificar. O banco estima que o enterprise value da Suzano esteja subavaliado em R$ 40 bilhões, a diferença entre o EV atual e o EV justo da companhia para 2025.
“Acreditamos que a gestão merece o benefício da dúvida, considerando seu excelente histórico em M&A e a criação de valor – e o fato da Suzano ser agora a ação mais barata do setor faz pouco sentido,” escreveram os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.
Segundo eles, o papel já estava barato porque os investidores ainda não colocaram na conta os ganhos com o projeto Cerrado, que entra em operação este ano e aumentará em 25% a capacidade de produção de celulose de fibra curta – o produto que faz 90% do EBITDA da Suzano.
Para o BTG, Cerrado deveria adicionar R$ 12 ao preço justo da ação da companhia, ou R$ 15 bi de market cap.
Segundo os analistas, a Suzano negocia hoje no múltiplo EV/EBITDA mais baixo do setor: 4,8x.
Para efeito de comparação, a Klabin sai a 7,5x, a própria IP negocia a 7x, Stora Enso (8x), Smurfit (6,7x), enquanto as chilenas negociam em média a 6,7x.
Mas os analistas enxergam poucos gatilhos de curto prazo para o papel, e dizem que a perspectiva atual “parece algo binário e simétrico” com um potencial de alta ou perda entre 10% a 15%.
O principal gatilho seria a resolução da compra da IP, para a qual o banco desenhou dois cenários.
O primeiro seria a falta de um acordo, o que faria a ação se recuperar gradualmente e voltar a ter como principais variáveis apenas o preço da celulose e o câmbio.
Já o segundo cenário seria a compra da IP por mais de US$ 42 ação, o que poderia trazer perdas adicionais para a Suzano até que o mercado tenha mais visibilidade sobre o potencial de sinergias e a desalavancagem.
Mesmo assim, o BTG manteve sua recomendação de ‘compra’ para o papel com preço-alvo de R$ 82 – um upside potencial de 59%.
As ações da Suzano sobem 13,8% nos últimos doze meses.
A empresa vale R$ 67 bilhões na B3.