A Suzano fez uma oferta para comprar a International Paper por US$ 15 bilhões, praticamente o market cap da companhia brasileira de papel e celulose.

A informação foi dada em primeira mão pela Reuters, citando fontes a par do assunto. Procurada, a Suzano não quis comentar. 

Segundo a Reuters, a Suzano já comunicou verbalmente o conselho da International Paper sobre a oferta — de US$ 42 por ação e que seria paga 100% em cash — e deve enviar uma oferta formal nos próximos dias.

Na segunda, a ação da International Paper fechou a US$ 36,92 na Bolsa de Nova York. Hoje, sobe 5,7%. 

Temendo que a Suzano pague caro pelo ativo, os investidores bateram no papel. A companhia dos Feffer fechou em queda de 12,3% com a notícia, perdendo R$ 9 bi de valor de mercado, e agora vale R$ 68 bilhões na B3.

Nas contas do BTG, a transação avaliaria a International Paper a um múltiplo de 7x-8x o EBITDA estimado para o ano que vem, em comparação a 5x que a própria Suzano negocia na Bolsa. 

A proposta vem menos de um mês depois da International Paper concordar em comprar a britânica DS Smith por US$ 7,2 bilhões. Um dos condicionantes da transação da Suzano, no entanto, é que essa aquisição seja cancelada, segundo a Reuters.

A oferta também vem em meio a uma troca de comando na Suzano. O novo CEO, João Alberto Abreu, vai assumir a posição no dia 1 de julho, substituindo Walter Schalka, que estava há mais de 10 anos no cargo. 

Para a Suzano, a transação seria uma forma de crescer em embalagens num momento em que o setor de papel e celulose sofre com uma desaceleração. 

Na pandemia, todo o setor foi beneficiado pela explosão do ecommerce, que demandou mais embalagens de papel para as entregas. Com a normalização das vendas online, no entanto, o crescimento da indústria de papel e celulose também perdeu ritmo, com as empresas passando a buscar M&As para continuar crescendo. 

No ano passado, por exemplo, a irlandesa Smurfit Kappa aceitou uma fusão com a americana WestRock numa transação de mais de US$ 20 bilhões. 

O timing da transação, no entanto, não é dos melhores para a Suzano. A companhia está prestes a entregar um dos maiores projetos de sua história, o Cerrado, que vai adicionar cerca de 25% de capacidade para sua produção de celulose. 

Com isso, a expectativa do mercado era que a companhia entrasse agora num ciclo de desalavancagem. Uma compra da IP adiaria isso, já que a alavancagem pro forma da nova empresa iria para cerca de 4x EBITDA, nas contas do BTG, sem considerar as sinergias.