A Stone reportou um resultado do terceiro trimestre bem acima das projeções dos analistas e do próprio guidance que a empresa havia passado — refletindo ganhos de eficiência e uma reprecificação no take rate que turbinou as margens. 

A ação sobe mais de 11% no after market em Nova York.

O lucro líquido ajustado (excluindo algumas despesas com stock options) ficou em R$ 163 milhões; o mercado esperava R$ 96 milhões. A alta foi de quase 100% na comparação anual.

O EBT (o lucro antes de impostos) ajustado veio em R$ 211 milhões, 70% acima do guidance de R$ 125 milhões que a Stone havia dado ao mercado.

Já a receita ficou em R$ 2,5 bilhões e o volume transacionado (TPV) dos clientes de pequeno e médio porte (SMBs) ficou em R$ 74,7 bi. Ambos também vieram acima do guidance

O TPV total da Stone subiu cerca de 3% para R$ 93,3 bilhões, num trimestre em que o volume da indústria como um todo caiu, segundo dados da Abecs. Isso fez com que a Stone ganhasse 0,6 ponto percentual de market share, para pouco mais de 11%. (Dado que Cielo, Getnet e Rede também disseram que ganharam share no trimestre, o mais provável é que a PagSeguro tenha perdido). 

No TPV de key accounts, a Stone teve uma queda de 20%, explicada basicamente pela decisão da companhia de ‘despriorizar’ o segmento de subadquirente — cujo TPV caiu 56% — e priorizar a integração com plataformas como a Linx (esse segmento subiu 63%).

“A parte de subadquirente tem uma margem muito baixa, não contribui nada para o P&L, e virou um mercado muito baseado em preço,” o CEO Thiago Piau disse ao Brazil Journal.

Segundo ele, conforme a empresa finalizar esse movimento — que foi iniciado no terceiro tri do ano passado — os números devem voltar a crescer. 

Piau, que vai deixar o comando da Stone na virada do ano, disse que o resultado do terceiro tri mostra a evolução da “nossa estratégia de equilibrar crescimento com aumento da rentabilidade.”

Esse aumento da rentabilidade veio, em parte, pela reprecificação do take rate (a comissão cobrada dos lojistas nas transações). No terceiro tri, o take rate subiu de 2,09% para 2,21% — o que, somado ao aumento nos volumes e aos ganhos de eficiência, levou ao crescimento expressivo do EBT e do lucro líquido. 

A Stone também passou seu guidance para o quarto trimestre, sinalizando que os ganhos de rentabilidade devem continuar. 

A companhia espera uma receita de R$ 2,6 bilhões, um TPV em SMBs de R$ 78 bilhões a R$ 79 bilhões, e um EBT de R$ 250 milhões. 

Segundo o CEO, os ganhos de margem no quarto tri não devem vir de uma nova reprecificação do take rate, já que “os movimentos principais nesse sentido já foram feitos.”

“O ganho de margem vai vir da alavancagem operacional, dos custos e despesas crescendo menos que a receita,” disse ele. 

Em 2023, a Stone espera que a tendência de ganho de rentabilidade com crescimento continue aparecendo no P&L. Piau disse que a companhia vai executar pela primeira vez um orçamento base-zero.