Com sua ação caindo 24% desde o início do ano, o Starbucks enfrenta uma tempestade perfeita: o tráfego nas lojas está fraco, as vendas crescem pouco na China, e as margens de lucro estão ficando magrinhas.
Para piorar as coisas: parte de seus baristas estão se sindicalizando, revoltados com o que alegam ser “condições estressantes de trabalho.” (Respondendo à crise, o Starbucks separou US$ 1 bilhão para “benefícios trabalhistas” este ano e aumentou seu salário nos Estados Unidos para US$ 17 a hora.)
Foi em meio a esse cenário complicado que a companhia realizou seu Investor Day hoje em Seattle.
No centro da pauta: a reinvenção da empresa para um mundo pós-covid e o turnaround da operação.
O fundador da rede, Howard Schultz, que está como CEO interino, disse que os gastos do Starbucks nas cafeterias e em benefícios para os funcionários devem impulsionar as vendas e a lucratividade — já que as medidas devem melhorar a experiência de consumidores e funcionários.
Segundo ele, os acionistas devem se beneficiar com dividendos e um potencial retorno do programa de recompra de ações da empresa.
Howard — que fica no cargo até abril, quando Laxman Narasimhan assumirá o comando — disse que os investimentos estão colocando o Starbucks “nos trilhos para um turnaround em 2024.”
“Estamos reinventando a companhia, mas não estamos reinventando o que fazemos,” disse Howard durante o evento. “Estamos apenas reinventando como fazemos isso.”
Desde que Howard assumiu o comando em abril os investidores não têm tido muita clareza sobre a estratégia da empresa. Ele cancelou um programa de recompra bilionário dizendo que a companhia usaria melhor os recursos investindo nas lojas e em seus trabalhadores.
Em maio, o Starbucks suspendeu seu guidance para o ano fiscal argumentando que precisava de mais tempo para avaliar quanto os investimentos “custariam.”
No Investor Day de hoje, o Starbucks também disse que vai investir US$ 450 milhões no ano que vem para aumentar a automação e eficiência de suas lojas — um investimento que deve aumentar nos dois anos subsequentes.
A companhia apresentou um novo equipamento para o preparo de suas bebidas frias que reduz drasticamente o tempo de preparo — com um barista preparando um Frapuccino em 35 segundos em comparação aos 87 segundos que ele leva hoje.
O Starbucks apresentou ainda um novo sistema de cozimento que corta pela metade o tempo de preparo de um sanduíche.
“De forma simples, a automação de nossa cadeia de suprimentos cria um ganha-ganha-ganha,” disse o COO John Culver. “É positiva para nossos parceiros porque simplifica o trabalho que eles fazem, positiva para nossos clientes porque aumenta a disponibilidade de produtos, e positiva para o negócio porque acelera a receita e expande as margens.”
Outra melhoria: a companhia disse que vai expandir sua experiência de pedido pelo aplicativo para todas as lojas, bem como ampliar seu delivery com terceiros.
O Starbucks também disse que planeja abrir 2.000 novas lojas nos Estados Unidos até 2025, incluindo unidades apenas para pickup e drive-thru e outras só para o delivery.
Hoje, a rede tem mais de 15.000 cafeterias apenas nos EUA.