Donald Trump fez mais uma vítima.
Stanley Fischer, vice chairman do Federal Reserve, anunciou que vai deixar o cargo em outubro, oito meses antes de seu mandato expirar. Indicado por Barack Obama, Fischer está na cadeira desde 2014
Em sua carta de demissão a Trump, Fischer alegou que está saindo por motivos pessoais. Porém, em longa entrevista ao Financial Times, publicada há menos de um mês, ele criticou ferozmente a decisão de Trump de voltar atrás na regulamentação do setor financeiro criada após a crise de 2008. Na época, Fischer foi membro de um comitê que assessorou o Fed na criação da nova regulação.
O No. 2 do Fed sempre foi um ‘hawk’, advogando uma política monetária mais vigilante, enquanto boa parte de seus colegas, incluindo a própria Janet Yellen, pediam por uma subida mais moderada dos juros.
Agora, a saída de Fischer amplifica um problemão para o BC americano.
O board ficará com quatro das sete cadeiras vazias exatamente num momento em que precisaria de força e coesão para a inflexão da política monetária. Com a economia americana mostrando uma relativa força, o Fed começa a discutir o enxugamento de seu astronômico balanço, fruto dos estímulos dados em anos de ‘quantitative easing’.
Trump precisa indicar os quatro nomes. Ainda de acordo com o FT, o próximo deve ser Marvin Goodfriend, professor da Carnegie Mellon University.
Yellen tem mandato até fevereiro. Trump já disse publicamente que não renovará seu termo, o que deixará livre a vaga de banqueiro central mais poderoso do mundo. Até hoje à tarde, o favorito para substitui-la era Gary Cohn, o ex-No. 2 da Goldman, seguindo a tradição que deu ao banco o apelido ‘Government Sachs’.
Mas Cohn acaba de cair em desgraça com Trump. Segundo o The Wall Street Journal, Trump agora está aberto a analisar outros nomes depois que Cohn condenou a reação de Trump à manifestação neonazista em Charlottesville.
Fischer tem 73 anos, nasceu na antiga Rodésia (atual Zâmbia), e é uma estrela no campo da macroeconomia. Com dupla nacionalidade, presidiu o Banco Central de Israel entre 2005 e 2013. PhD em economia pelo MIT, dedicou boa parte de sua carreira acadêmica estudando se a política monetária gerava efeitos reais sobre a economia.