O declínio do varejo físico da forma como o conhecemos produziu hoje uma fusão no setor de shoppings nos EUA.

O Simon Property Group, o maior REIT de shopping centers do país, está comprando 80% da Taubman Centers — outro operador de malls — por US$ 3,6 bilhões.

Tanto a Simon quanto a Taubman têm um portfólio de qualidade superior à média do mercado, mas nem isso as protege do derretimento gradual do Retail USA.

Até sexta-feira passada, as ações da Simon e Taubman estavam em queda de 23% e 30% nos últimos 12 meses, enquanto todo o setor caía 40% e o S&P batia novas máximas, segundo a Bloomberg.

O fundador da Taubman, Alfred Taubman, é uma espécie de José Isaac Peres dos EUA: fincou shoppings nos subúrbios da América quando a classe média americana ainda era robusta e saudável.

A Simon está pagando um prêmio de 51% sobre o fechamento da ação da Taubman na sexta-feira.  O preço da transação equivale a um cap rate de 6,2% e cerca de 15 vezes os funds from operations (FFO), uma métrica de geração de caixa na indústria de shoppings.  (O cap rate é o lucro operacional como percentual do valor de compra.)

No ano passado, varejistas nos EUA fecharam 9.302 lojas, 59% a mais que em 2018 e o recorde absoluto desde que a consultoria Coresight Research começou a acompanhar os números em 2012.  Só a Payless Shoes, que pediu concordata há um ano, fechou 2.100 lojas.

Nada indica que a tendência vai se reverter logo.  Na semana passada,  a Macy’s anunciou que vai fechar 125 lojas nos próximos três anos e demitir 2 mil pessoas.

O casamento entre a Simon e a Taubman não é o primeiro M&A defensivo no setor.  Em 2018, a Brookfield comprou a General Growth Properties (GGP).

No final do dia, a Taubman fechou em alta de 53% enquanto a Simon ficou de lado.  Outro operador de malls, a Macerich, viu sua ação subir 9%.

O mercado aposta que a consolidação vai continuar.

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