Em agosto do ano passado, a Brookfield comprou os 2/3 da General Growth Properties (GGP) — um portfólio de malls nos EUA do qual já era sócia — ficando dona de 100% do negócio.
A aposta da Brookfield: os investidores estavam descontando o setor de shoppings além da conta, preocupados com a crescente hegemonia da Amazon e do e-commerce. A gestora acreditava que conseguiria gerar mais valor nos ativos — shoppings de alta qualidade e localização — com reformas nas áreas adjacentes e melhorias no mix de lojas.
Por enquanto, mostra uma análise do The Wall Street Journal, nem tudo saiu como o esperado.
Desde a aquisição da Brookfield, grandes locatários de seus shoppings, como a Sears e Forever 21, entraram com pedido de recuperação judicial, enquanto outras grandes redes como JC Penney, Macy’s e Gap viram suas ações despencar na esteira de resultados horrorosos.
A crise no setor tem afetado a capacidade da Brookfield de financiar seus planos.
Há alguns meses, a gestora abordou investidores institucionais que já investiram junto com ela sobre a compra de participações em outros malls, mas recebeu um sonoro “não” como resposta, segundo o WSJ. A justificativa é de seria muito caro fazer melhorias nos shoppings, além do risco — claro — de mais fechamento de lojas.
“O sentimento é extremamente negativo sobre malls,” o analista chefe de varejo da Green Street disse ao WSJ. Segundo ele, os investidores podem justificar pagar por galpões porque o crescimento do e-commerce os torna um investimento seguro, “mas se você comprar um shopping e estiver errado, você provavelmente será demitido.”
Como a GGP saiu de Bolsa, ela não tem mais um preço público. Mas portfólios semelhantes — como o Taubman Centers e o Macerich — já caíram cerca de 50% desde que a transação aconteceu, contra uma alta de 10% do S&P no período.
A Brookfield merece o benefício da dúvida: a empresa já fez outros investimentos considerados insanos à época e que renderam retornos musculosos.
Logo após o ataque terrorista de 11 de setembro, ela comprou o World Financial Center em Lower Manhattan, reconstruindo o prédio e revitalizando o bairro. O retorno foi de 15 vezes o investimento inicial. Outra aposta certeira: o portfólio de ativos de infraestrutura que a Brookfield comprou no Brasil depois dos escândalos de corrupção e em meio à recessão, que também deram retornos polpudos.
“Isso é parte da nossa estratégia de sermos investidores contrarian,” Brian Kingston, o CEO da Brookfield Property Partners, disse ao WSJ. “A sensação é sempre essa.”