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EXCLUSIVO: Ronaldo Cezar Coelho compra R$ 240 mi em Light
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O BNDES vendeu cerca de R$ 450 milhões em ações da Light, zerando sua posição na distribuidora de energia num leilão na B3 e sinalizando que pode fazer vendas oportunísticas de sua carteira.
Curiosamente, o block trade de ontem parece ter se originado com a demanda de um cliente do wealth management do Itaú, e não por iniciativa do banco de desenvolvimento.
Ontem à noite, fontes do mercado disseram ao Brazil Journal que o comprador foi o ex-banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, por meio de seu fundo Samambaia.
(Convenhamos: são poucos os investidores pessoa física que podem acordar de manhã e dizer, “Quer saber? Hoje vou comprar R$ 200 milhões em Light”, e o ex-controlador do Multiplic é um deles — tanto por sua liquidez pessoal quanto por seu histórico no setor: por meio do Samambaia, Ronaldo é o segundo maior acionista da Energisa, com 20% da empresa dos Botelho.)
Segundo relatos, o comprador demonstrou apetite para comprar 9 milhões de ações, o equivalente a 2,9% da empresa. Procurado pelo Itaú, o BNDES topou vender e, na medida em que mais demanda apareceu, colocou mais papel à venda.
No final, a transação movimentou 19 milhões de ações, e o leilão saiu a R$ 23,85 — quase um real acima do preço de tela (R$ 22,89). O ágio foi de 4%.
No final do ano passado, Ronaldo já era dono de 3,54% da Light, de acordo com o disclosure feito pelo fundo à CVM. Com as compras de ontem, foi para 7,6% do capital, num aparente voto de confiança no turnaround da companhia.
O block trade deixou banqueiros e corretoras salivando.
Até agora, o BNDES costumava vender suas posições de forma gradual — participando do mercado ao longo de vários pregões — ou por meio de ofertas organizadas, como a que fez recentemente na Marfrig e pretende fazer na JBS.
O block trade da Light mudou a sinalização. A transação demonstra que, depois de um cabo de guerra interno, a gestão Gustavo Montezano está aberta a vendas oportunistas da carteira da BNDESPar, especialmente quando provocada pelo mercado — um papel que os bancos de investimento estão sedentos para executar.
Na Faria Lima, a expectativa é que o BNDES agora esteja receptivo a demonstrações de interesse envolvendo outros nomes da carteira, como Cemig e Suzano.