A Movida acaba de anunciar a aquisição de uma rede de locadoras de automóveis em Portugal, uma transação pequena que marca o início da internacionalização da companhia do Grupo Simpar.
A Movida está comprando 100% da Drive on Holidays, que tem uma frota de 3,3 mil veículos e quatro lojas nos principais aeroportos do país (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada).
A transação avaliou a Drive on Holidays a um enterprise value de € 66 milhões, considerando uma dívida de € 11 milhões. A compra engloba todos os ativos da companhia, incluindo a frota (avaliada em € 60 milhões) e os imóveis onde estão duas lojas.
O múltiplo da transação — 4x o EBITDA dos últimos 12 meses — está um pouco abaixo do múltiplo que a própria Movida negocia hoje na Bolsa (4,7x).
Nos 12 meses até junho, a Drive on Holidays fez receita líquida de € 20 milhões com um EBITDA de € 16,3 milhões e lucro líquido de € 6,7 milhões.
A aquisição é estratégica porque posiciona a Movida num mercado ainda muito fragmentado, com forte crescimento e, mais importante, com moeda forte, o CEO Renato Franklin disse ao Brazil Journal.
“Em Portugal não há nenhum player dominante,” disse o CEO. “Na parte de gestão de frotas os players globais até têm uma participação maior, mas no RAC é muito pulverizado. O maior lá não tem mais de 10% de share. Além disso, não tem ninguém entregando o nível de serviço da forma que entregamos.”
Segundo ele, a ideia é usar a Drive on Holidays como uma plataforma para a expansão da Movida na região — o que pode envolver outros M&As ou uma expansão orgânica em outros países da Europa.
Mas antes disso, o CEO disse que a ideia é melhorar o nível de serviço e a experiência da Drive on Holidays, bem como posicionar a empresa em outras verticais.
“99% dos clientes [da Drive on Holidays] vêm do turismo. Tem bastante espaço para penetrar no urbano, por exemplo, com carros por assinatura. Dá para trabalhar também a parte de gestão de frotas, que eles não tem.”
De imediato, a transação não faz nem cócegas na receita da Movida.
A companhia fechou o último trimestre com uma frota de 213 mil carros e, só no período, comprou 30 mil veículos — 10x mais que a frota atual da Drive on Holidays.
“Mas é uma compra que podemos fazer tranquilos, sem comprometer balanço, e que já coloca a gente com um pé na Europa, que era uma estratégia que vínhamos falando aos investidores,” disse o CFO Edmar Lopes.
Nas últimas reuniões com o mercado, tanto a Movida quanto a Simpar vinham sinalizando que querem ter parte de suas receitas em moeda forte (dólar ou euro).
A Simpar disse no Simpar Day que espera chegar em 2025 com 20% a 30% de sua receita vindo de fora do Brasil.