Cinco anos atrás, a Forever 21 chegava ao Brasil com filas na porta — e causando dor de cabeça à concorrência.

Mesmo levando em conta seu sourcing barato, predominantemente na China, ninguém entendia como a varejista conseguia vender regatas a R$ 8,90 e jeans a R$ 34,90, um desconto substancial em relação aos preços praticados pela Renner, Marisa e Riachuelo.

Na época, um concorrente chegou a dizer:  “Filas e mais filas não significam sustentabilidade financeira.”

Foi quase uma premonição.

No início dessa semana, a Bloomberg noticiou que a Forever 21 está com a corda no pescoço, na antessala de uma recuperação judicial, e negociando financiamento com o Apollo Global Management, a gestora de private equity.  O cheque do Apollo ajudaria a empresa a fazer a reestruturação necessária ao mesmo tempo em que manteria o controle nas mãos do fundador, o bilionário coreano-americano Do Won Chang, um empresário sobre o qual pouco se sabe.

Fundada em Los Angeles em 1984, a Forever 21 foi uma das precursoras do conceito de fast fashion — coleções ao longo do ano a preços econômicos — e hoje tem 815 lojas em 57 países.

O que deu errado?

Pelo jeito, tudo:  nos últimos anos, o tráfego nas lojas esfriou, os descontos tiveram que aumentar e a apresentação das mercadorias caiu muito.

Por um lado, o consumidor que amava os preços baixos da rede durante os anos da crise financeira agora foca mais em qualidade.  Por outro, a concorrência cresceu, com o mesmo consumidor sendo disputado pela Inditex (a dona da Zara), a H&M, Target e incontáveis marcas que só vendem online.

Pelo jeito, os problemas se arrastam pelo menos desde 2016, quando o NY Post disse que a empresa estava atrasando pagamentos.

“Enquanto a H&M e a Inditex responderam com ofertas de alta qualidade e eco-friendly e prometeram buscar processos de manufatura e sourcing mais éticos, a Forever 21 fez comparativamente pouco,” disse o site Retail Drive.

Esta semana, o Business Insider visitou uma loja da Forever 21 em Nova York e se deparou com um mar de descontos tão agressivo que denota desespero.

Nos últimos anos, a rede fechou várias de suas lojas fora dos EUA e, em abril, anunciou sua saída da China depois de oito anos operando no país.

A Forever 21 não seria a primeira varejista voltados para o público teen a beijar a lona:  a Aeropostale e a American Apparel já foram pelo mesmo caminho, e a Abercrombie & Fitch está lutando pra sobreviver (na semana passada, a ação caiu de US$ 25 para US$ 15, e a empresa agora só vale US$ 1 bilhão na Bolsa.)

“A Forever 21 está conversando com nossos credores no curso normal dos negócios e está em conformidade com todos os nossos contratos e continua a operar como de costume”, um portavoz da empresa disse à Bloomberg.

Como empresa de capital fechado, a Forever 21 não reporta seus números publicamente.