Depois de ficar sem EBITDA nos piores momentos da pandemia e ver sua ação ser dizimada, a Estapar subiu 64% em dois dias: 29% na sexta e 27% ontem – com volumes acima da média.
O papel está sendo redescoberto por ‘bargain hunters’ que acreditam que a maior empresa de estacionamento do Brasil já voltou a níveis de receita pré-covid, ainda que a ociosidade física ainda esteja ligeiramente acima.
A Estapar opera 460 mil vagas em todo o País e vale R$ 608 milhões na Bolsa. André Esteves controla a companhia por meio dos FIPs Maranello, Valbuena e Tempranillo, que juntos têm quase 58% do capital.
O segundo maior acionista é um fundo de private equity da Equity International, de Sam Zell, que tem 29% da companhia.
Citi, Santander e XP cobrem o papel. O modelo mais atualizado é de maio, do Citi, que tem preço-alvo de R$ 8. A ação negocia hoje a R$ 2,75.
A Estapar publica seu segundo tri no começo de agosto.
Investidores estimam que a alavancagem da companhia hoje esteja ao redor de 7-8x EBITDA, depois de passar de 20x no pico da pandemia. Com a economia voltando, o EBITDA tem melhorado mês a mês.
No primeiro tri, a companhia cresceu sua receita em 48% ano contra ano e aumentou seu número de vagas em 18%.
A operação do Zona Azul em São Paulo – que adicionou 50 mil vagas quando a companhia assumiu a operação no segundo semestre de 2020 – voltou a crescer nos últimos meses.
Durante a pandemia, a Prefeitura suspendeu a cobrança do estacionamento ao redor de estruturas médicas como farmácias e hospitais e postos de saúde.
Agora, com a volta à normalidade, a Estapar aumentou de 40 para 80 os veículos que fazem a fiscalização das vagas – aumentando o chamado “Índice de respeito” e a rotatividade das vagas (obrigando que o cliente respeite as 2 horas permitidas).
Segundo uma pessoa a par do assunto, a companhia começou a renegociar suas dívidas no ano passado e este processo está perto do fim.
Diferente do que acredita o senso comum, a Estapar não é dona de todos os estacionamentos que opera.
A empresa opera basicamente em três modelos: alguns estacionamentos são próprios (o que faz dela uma empresa de real estate); em outros casos, ela coloca dinheiro na frente para concessões de longo prazo (como é o caso do Zona Azul em São Paulo); há ainda um modelo em que a empresa paga um aluguel ao dono do estacionamento e divide com ele um pedaço da receita.