23 de out, 2023
O economista bengali Muhammad Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2006, está pessimista.
Para ele, ainda que os países estejam crescendo, o sistema econômico global não cria condições para que as pessoas (sobretudo, os mais pobres) prosperem e resolvam os problemas que afetam suas vidas.
Mudanças climáticas, pobreza extrema, concentração de renda, altas taxas de desemprego em função da tecnologia – e, claro, – conflitos armados – colocam o mundo num momento decisivo.
“Precisamos de uma economia que não seja autodestrutiva”, diz.
Para ele, a saída é o título do livro que acaba de lançar em português – Um Mundo de Três Zeros (zero pobreza, zero desemprego e zero emissões líquidas de carbono). Ou seja, atacar esses objetivos permitirá a criação de uma nova economia mais inclusiva, criativa, empreendedora e sustentável.
Yunus foi laureado com o Nobel da Paz pelo seu trabalho de combate à pobreza por meio do microcrédito. No Brasil, a taxa de inadimplência do microcrédito chegou ao nível recorde de 21% neste ano, segundo dados do Banco Central.
Para ele, muitos dos empréstimos concedidos como microcrédito no país não pertencem de fato a essa categoria. “O microcrédito deveria ser feito com base no negócio social, não de forma maximizadora de lucros. Muita gente lucra às custas dos pobres e acaba assumindo uma postura muito agressiva.”
Yunus falou com o Brazil Journal quando esteve no Brasil, em outubro, para o lançamento do livro e para as comemorações dos dez anos da Yunus Negócios Sociais.