Hoje, o Valor Econômico traz detalhes sobre a venda de um pacote de ativos da Petrobras, incluindo aí campos do pré-sal.

Lá no meio, a informação: “O processo está sob coordenação do Bank of America, um dos bancos contratados pela Petrobras para oferecer os ativos ao mercado.”

Coincidentemente…. ontem, o Bank of America, através de sua corretora, a Merrill Lynch, passou a recomendar a compra de Petrobras depois de meses com um “neutro” no papel. E ainda aumentou o preço-alvo.

Alguém vê algum conflito?

Frank McGann é um dos melhores e mais respeitados analistas de petróleo do mundo, mas não fica bem um relatório desses no exato momento em que seu banco está mandatado pela empresa no que pode ser uma das vendas de ativos mais significativas da história recente do Brasil.

Depois de 2008, os bancos deveriam ter aprendido alguma coisa.

É verdade que o relatório vem com o disclaimer-padrão na parte de baixo de sua capa:

“O BofA Merrill Lynch faz e procura fazer negócios com empresas que constam nos seus relatórios de pesquisa. Como resultado, os investidores devem estar cientes de que o banco pode ter um conflito de interesses que pode afetar a objetividade deste relatório. Os investidores devem considerar este relatório como apenas um único fator no processo de decisão de investimento.”

Mas esse disclaimer, neste caso, não é suficiente.

“Claramente, ele deveria se declarar impedido (restricted) na ação, e não está,” diz um gestor à coluna, ecoando a opinião de vários. “Tipicamente, quando há um contrato na área de investment banking, a corretora fica proibida de opiniar sobre a ação. E isso não aconteceu aqui.”

 

BofA-Merrill