A Paytrack — uma startup de gestão de viagens e despesas corporativas — acaba de levantar R$ 240 milhões numa captação que vai dar poder de fogo à empresa de Blumenau para acelerar seus planos de internacionalização.

A rodada Série B foi feita apenas com a Riverwood, a gestora de venture capital de São Francisco especializada em software as a service.

No Brasil, a Riverwood já investiu em startups como o QuintoAndar, VTEX, Omie, CRMBonus, Dock e Petlove. No final de 2023, a gestora levantou seu quarto fundo, captando US$ 1,8 bilhão para investir globalmente.

Esta é a segunda rodada da história da Paytrack, que havia levantado apenas R$ 8,5 milhões em 2021 com a Parceiro Ventures, outro VC americano. A startup chegou no breakeven em meados do ano passado. 

Fundada em 2017 pelo casal Daniele Amaro e Edson Gonçalves, a Paytrack nasceu para resolver uma dor comum entre as grandes empresas: gerir as milhares de viagens corporativas, e as despesas que os funcionários têm durante elas, além de todas as despesas que as companhias têm no seu dia a dia. 

Daniele Amaro ok

Antes da Paytrack, a gestão das viagens corporativas era feita basicamente pelas agências de viagem, que algumas vezes disponibilizavam um software próprio para as empresas gerirem essas tarefas. 

“Tem algumas agências que dão softwares, mas muitas ainda fazem todo o processo por email. E nesse modelo antigo o registro de todos os gastos em viagens é feito guardando todas as notas fiscais, e com formulários e planilhas no Excel,” Edson disse ao Brazil Journal

“O que trouxemos foi uma visão centrada no viajante, dando acesso a ele, na palma da mão, a todas as ferramentas necessárias para a viagem, desde o agendamento do aéreo e hotel até o registro das despesas e a solicitação de adiantamento.”

O sistema da Paytrack também permite que uma empresa automatize o compliance e as políticas de viagem — por exemplo, quanto o colaborador pode gastar por dia e os valores máximos dos voos e hotéis. 

A Paytrack opera num modelo de software as service, cobrando uma assinatura mensal das empresas que varia pelo número de usuários ativos. 

A startup já atende mais de 7 mil empresas — incluindo gigantes como JBS, Hyundai, WEG, B3 e Grupo Mateus — e tem 1 milhão de usuários cadastrados na plataforma. Uma parte relevante desses usuários está concentrada nos maiores clientes da Paytrack: os 5 maiores têm cerca de 100 mil usuários cada. 

O foco é nas grandes empresas, com 30% dos clientes tendo mais de 5 mil usuários. Os 70% restantes têm de 100 a 500. 

A Paytrack não abre seu faturamento, mas diz que sua plataforma processou mais de R$ 3 bilhões em despesas corporativas no ano passado. 

Edson Goncalves ok

Para as empresas, o maior benefício de adotar a Paytrack é na redução de custos. Edson disse que o Grupo Mateus, que adotou recentemente a plataforma, viu uma redução de 40%. 

“Esse ganho vem de várias frentes. Tinham solicitações que não seguiam as políticas da empresa, por exemplo, o que gerava perdas relevantes. Também tem um ganho de produtividade: os funcionários passam a gastar menos tempo para fazer as solicitações,” disse ele. 

Com os recursos da rodada, a Paytrack vai investir na aquisição de novos clientes, no desenvolvimento de novos produtos e no aperfeiçoamento da plataforma atual, além da expansão internacional da startup.

Hoje a Paytrack já atende alguns clientes fora do Brasil, mas por demanda de clientes que ela captou aqui e que têm operação fora. 

Agora, o plano é abrir escritórios no exterior, passando a acessar os potenciais clientes direto no mercado onde estão. Os dois primeiros países devem ser Colômbia e México. 

“O produto já está multi idioma e multi moeda. O próximo passo é a expansão, e como já temos alguns trabalhos em andamento nesses dois mercados, que são muito grandes, eles devem ser as prioridades,” disse Daniele, a co-fundadora. 

Sobre uma eventual estratégia de M&As, ela disse que “talvez possa fazer sentido comprar uma empresa de tecnologia como a gente, só que menor, ou até agências de viagem, para pegar a carteira de clientes.”