A Orizon — uma das maiores empresas de gestão de lixo do Brasil — está prestes a anunciar um follow-on de R$ 400 milhões que dará saída à Jive, dona da 10% da companhia, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A gestora de ativos distressed entrou no capital da Orizon como parte da aquisição da Estre Ambiental, em novembro de 2021. 

A Orizon comprou sete aterros da concorrente junto com a Jive, usando créditos comprados dos bancos credores para pagar a aquisição. Na sequência, ela comprou a participação da Jive nesses ativos, pagando parte em dinheiro e parte em ações. 

Há quatro meses, a companhia de gestão de resíduos fez um aumento de capital para pagar a parcela em ações, entregando 8,2 milhões de ações à Jive. 

São essas ações — que valem hoje cerca de R$ 305 milhões ao preço de tela — que estão sendo colocados à venda no follow-on.

A Orizon também fará uma oferta primária de R$ 100 milhões para fortalecer sua posição de caixa para eventuais aquisições e bancar o crescimento orgânico da companhia.

Os coordenadores da oferta são o BTG Pactual (líder), Itaú BBA e Santander. 

A Jive está vendendo sua posição por meio de um follow-on em vez de um block trade a pedido da Orizon, segundo uma das fontes.

Basicamente, a empresa quer ter o controle de quais serão os acionistas que vão entrar em sua base. A ideia é buscar gestoras long only, que tenham uma visão de longo prazo e estejam alinhadas com a estratégia de crescimento da companhia.

Hoje, os maiores acionistas da Orizon são a família controladora, que tem 47% do capital, e as gestoras Equitas, Hix, Tarpon, Utilico e Kinea, além da Jive. 

“A empresa tem uma demanda grande de investidores locais e gringos querendo comprar a ação, mas como ela tem uma base de acionistas de longo prazo, que estão sentados no papel, a liquidez é muito baixa,” disse a fonte. 

Com a oferta, a Orizon espera criar uma janela de entrada para fundos interessados na empresa, bem como aumentar drasticamente a liquidez do papel. 

Hoje, a ação da Orizon negocia em torno de R$ 15 milhões por dia. Com a oferta, a expectativa é dobrar esse montante. 

A companhia deve começar o roadshow amanhã e a precificação da oferta está prevista para quinta-feira da semana que vem. 

O follow-on vem num momento positivo para a ação da Orizon: a empresa é uma das poucas da última safra de IPOs que negocia acima do valor que saiu em sua abertura de capital.

Desde fevereiro de 2021, a ação subiu 69%, negociando hoje a R$ 36,7, com a empresa valendo R$ 3 bi na Bolsa.

De lá para cá, a companhia fez diversas M&As, incluindo a compra da Estre, que praticamente dobrou o volume de toneladas de lixo recebidas pela empresa e seu EBITDA. Nos últimos meses, ela também fez aquisições menores, comprando 51% de um aterro em Porto Velho por R$ 11 milhões e 51% de um aterro em Minas Gerais por R$ 25 milhões. 

Com essas aquisições, a Orizon já chegou a um run rate de mais de R$ 100 milhões de EBITDA por trimestre. No ano passado, ela fez um EBITDA de R$ 312 milhões.

Segundo uma das fontes, o foco da companhia para este ano será em aquisições menores e na expansão orgânica, com a construção de novas plantas de biometano, que usa o biogás produzido com lixo nos aterros da Orizon para produzir biometano, um tipo de combustível renovável. 

Segundo a fonte, com os R$ 100 milhões da oferta primária seria possível fazer um investimento de R$ 400 milhões nessas fábricas, considerando uma estrutura de capital de 75% dívida e 25% equity