Na semana passada ouvi, incrédula, as palavras de Leão e de Oswaldo de Oliveira sobre o protagonismo – supostamente indesejável – de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro. 

Com Carlo Ancelotti em pé ali do lado, Leão foi mal educado; Oswaldo foi grosseiro. Tudo absolutamente desnecessário. Esse episódio me fez pensar sobre a diferença entre ser elegante… e a deselegância do ser. 

A elegância não precisa de plateia, de púlpito, de microfones, de público. Ela não faz questão de provar absolutamente nada. Ela se revela nos gestos mais simples, num olhar atento, respeitoso, no tom de voz, na serenidade ao chegar e ir embora, no respeito ao outro.

A deselegância, não.

Ela precisa gritar. Ela interrompe, humilha, precisa se exibir. É o eco da falta – a falta de educação, de sensibilidade, de autoconfiança.

A pessoa elegante não compete. Ela compõe. Ela reúne. Não precisa diminuir ninguém pra caber. Pelo contrário, a elegância é quase silenciosa, porque entende que o mundo é muito mais bonito quando todos brilham. Tem espaço pra todo mundo.

A deselegância, não.

Ela é ansiosa. Precisa do palco, se aproveita dessa plateia, necessita do aplauso – e nessa necessidade de aparecer, acaba revelando sua própria pequenez.

A elegância é calma, a serenidade de quem conhece o próprio valor.

A deselegância é o desespero de quem ainda não descobriu quem realmente é.

Será que algum dia o deselegante vai saber quem ele é de fato?

Fiquei triste com tamanha falta de educação. Um constrangimento para nós brasileiros, perante amigos e profissionais de outros países.

Carlo Ancelotti, perdão. O Brasil é melhor do que isso.

Dos 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro, nove hoje são comandados por técnicos estrangeiros.

A discussão pode até ser válida e importante para a evolução do futebol brasileiro, mas vale refletir sobre a pergunta: por que o futebol pentacampeão está importando tantos técnicos e jogadores?

A deselegância, certamente, não é o melhor caminho para fazermos este debate.

Desde o primeiro dia em que Ancelotti pisou no Brasil, ele tem sido de uma elegância irretocável com todos – até mesmo na preocupação de aprender a nossa língua e conhecer nosso País para entender a alma brasileira.

Ancelotti faz questão de entender nossa cultura para poder comandar a Seleção numa Copa do Mundo.

Mas o futebol brasileiro passou vergonha. Com todo o respeito às histórias de Leão e Oswaldo de Oliveira.

O debate é necessário, mas sempre com educação e respeito.

Elegância não custa nada. E faz um bem danado.

Glenda Kozlowski é jornalista e empresária.